Efeitos da curcumina sobre células neurais, diferenciação neural e sinalização purinérgica em embriões de camundongos com toxoplasmose
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Data
2022-01-26Primeiro coorientador
Morsch, Vera Maria Melchiors
Segundo coorientador
Bottari, Nathieli Bianchin
Primeiro membro da banca
Ulrich, Alexander Henning
Segundo membro da banca
Monteiro, Silvia Gonzalez
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A toxoplasmose é uma doença parasitária causada pelo protozoário intracelular obrigatório Toxoplasma gondii. Suas características de encistamento e persistência, preferencialmente no sistema nervoso central de mamíferos, são preocupantes, além disso a transmissão placentária merece atenção pela possibilidade de causar abortos, malformações e distúrbios comportamentais. O desenvolvimento cerebral durante a embriogênese é altamente comprometido pelo parasito, interferindo na quantidade celular, migração e diferenciação de células precursoras neurais. A participação do sistema purinérgico na defesa imune e neuroproteção na toxoplasmose, vem ganhando destaque, além de que componentes purinérgicos são encontrados na neurogênese. Apesar da grave patogenicidade do parasito, com ampla distribuição mundial e alta prevalência de transmissão vertical, não existem terapias eficazes diante da fase crônica da doença, uma vez que medicamentos disponíveis não atuam no cisto tecidual. As problemáticas apresentadas e os dados epidemiológicos motivam o estudo e a busca por novas terapias a fim de minimizar os danos gerados pelo parasito em uma infecção congênita, para isso propomos o uso da curcumina como um possível tratamento. A curcumina é um polifenol encontrado em maiores concentrações nas raízes da planta Curcuma longa e amplamente utilizado na literatura científica devido a suas capacidades antioxidante e anti-inflamatória, além da atuação neuroprotetora em distúrbios envolvendo o sistema nervoso central e resultados promissores em poucos estudos na toxoplasmose. Apesar dessas características benéficas, a curcumina apresenta baixa biodisponibilidade, com rápido metabolismo e certa toxicidade, vista principalmente a nível hepatobiliar e reprodutor. No caso do sistema nervoso central, não existem estudos demonstrando concentrações/doses seguras em modelos saudáveis. Uma vez que nosso objetivo geral foi avaliar os efeitos da curcumina na sinalização purinérgica e na neurogênese de células precursoras neurais do telencéfalo de embriões oriundos de camundongos infectados e não infectados com Toxoplasma gondii, antes de mais nada foi imprescindível estudar o impacto da utilização deste polifenol e de duas nanocápsulas de curcumina em células originárias do sistema nervoso central. A exposição dos tratamentos nas linhagens celulares de micróglia e neurônios revelou que as concentrações entre 1-5 μM, da curcumina, NC-PCL e NC-EDG, podem ser usadas em modelos in vitro de doenças cerebrais, pois não afetam consideravelmente a homeostase celular. Diante deste achado, seguimos com o isolamento das células precursoras neurais infectadas com a cepa VEG do Toxoplasma gondii. Nossos resultados complementam a interferência do parasito na diferenciação neural, mas o uso da curcumina conseguiu restaurar a gliogênese e aumentar ainda mais a neurogênese, com recuperação do tamanho celular. Alteração na expressão dos receptores purinérgicos também foram visualizados na infecção, o uso da curcumina impediu a resposta imune excessiva, com controle do dano celular, pela diminuição na expressão dos receptores P2X7 e A2A, assim como sua ação neuroprotetora foi aumentada frente a ativação do receptor purinérgico A1. A via de sinalização ERK ½, responsável pela produção de mediadores inflamatórios e proliferação celular, foi regulada pela curcumina a fim de atenuar as respostas pró-inflamatórias e controle da proliferação celular. Juntos, esses resultados demonstram-se promissores quanto ao uso da curcumina para tratamento da toxoplasmose congênita.
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