Redes sociais significativas de mães de filhos com transtorno do espectro do autismo
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Data
2022-02-15Primeiro membro da banca
Pereira, Caroline Rubin Rossato
Segundo membro da banca
Menezes, Marina
Metadata
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A chegada de uma criança na família provoca mudanças de diversas ordens na dinâmica familiar, demandando reorganização de papéis e de tarefas laborais, sociais, domésticas e de cuidado do filho. Contudo, quando um estressor horizontal como o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) se faz presente nesse cenário, tais transformações podem ser intensificadas, em especial para as mães, que costumam ser referidas como as principais cuidadoras nesse contexto. Por conta disso, mães de filhos com TEA podem apresentar altos níveis de sobrecarga, o que aponta para a importância das redes sociais significativas nesse cenário, as quais são sendo fundamentais em momentos de crise. Assim, o presente estudo teve como objetivo compreender a dinâmica relacional das redes sociais significativas de mães de filhos com TEA, a partir da configuração destas em termos de estrutura, funções e multidimensionalidade dos vínculos. Além disso, buscou-se identificar os significados atribuídos pelas mães de filhos com TEA à sua rede social significativa e como ela foi afetada a partir do nascimento de um filho com TEA. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de delineamento qualitativo, descritivo e exploratório e transversal, pautada na Teoria Fundamentada dos Dados. Participaram 12 mães de filhos diagnosticados com TEA na infância, com as quais foram realizadas entrevistas reflexivas e foi aplicado o instrumento do mapa de redes sociais significativas. A análise de dados se deu através das etapas de codificação aberta, focalizada, axial e teórica, a partir das quais foram elencadas três categorias, que deram origem a três artigos: 1. Configuração das redes sociais significativas; 2. Dinâmica relacional das redes socias significativas e 3. Significados atribuídos às redes sociais significativas. Os resultados revelaram a configuração de redes predominantemente amplas, com densidade média, e menor distribuição do que apresentavam antes do TEA, mas maior dispersão, heterogeneidade e multidimensionalidade. As funções foram ajustadas à nova realidade do TEA. Contudo, as mães não sentiam o apoio dos membros das redes como efetivo, o que pode ser compreendido por meio da presença de um fechamento materno para compartilhar o cuidado associado à inabilidade dos membros da rede para oferecer a ajuda necessária. Assim, identificou-se que a presença de membros na rede não corresponde à qualidade do amparo que prestam. Nesse cenário, tanto o ideal social de percepção do cuidado materno como qualitativamente superior e mais adequado, quanto o desconhecimento sobre o TEA, foram identificados enquanto fatores importantes para explicar a percepção de que o apoio da rede, embora presente, não fosse efetivo, causando afastamentos voluntários e involuntários. Assim, enfatiza-se a importância da democratização do acesso ao conhecimento sobre o TEA na sociedade e a desconstrução dos estigmas relacionados ao papel materno. Ainda, aponta-se o mapa de redes sociais significativas como ferramenta potente para subsidiar estratégias de intervenção no âmbito da promoção de saúde, indicando-se a familiarização de profissionais da saúde, educação e assistência social com o instrumento, a fim de estarem aptos a aplicá-lo, mapeando a rede de famílias que recebem o diagnóstico de TEA, fortalecendo-as e ativando os vínculos para prestação de apoio qualificado.
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