A construção do ethos de “não-político” no discurso eleitoral de João Doria
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Data
2020-03-16Primeiro membro da banca
Pozobon, Rejane de Oliveira
Segundo membro da banca
Panke, Luciana
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Nos últimos anos, pessoas com carreiras consolidadas em áreas como entretenimento, esportes e empreendedorismo têm disputado o poder político e conquistado vitórias significativas em diversos países, a exemplo do empresário e apresentador de televisão Donald Trump, que, em 2017, foi empossado como Presidente dos EUA, do jurista Giuseppe Conte, que, em 2018, assumiu o cargo de Primeiro-Ministro da Itália, e do comediante Volodymyr Zelensky, que, em 2019, assumiu a presidência da Ucrânia. No Brasil, um dos expoentes desse “movimento” de outsiders na política é o empresário João Doria, que, em 2016, foi eleito prefeito de São Paulo, após uma campanha centrada na construção de uma imagem pessoal que confronta a do político profissional. Diante desse cenário, a pesquisa tem como questão-chave: de que modo é construído o ethos de “não-político” no discurso eleitoral de João Doria? Para responder essa questão, o objetivo geral da pesquisa foi analisar a construção do ethos de “não-político” no discurso eleitoral de João Doria. O corpus primário de análise foi formado por 8 programas eleitorais exibidos no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral da cidade de São Paulo, entre 26 de agosto e 29 de setembro de 2016, e 10 inserções exibidas diariamente no mesmo período ao longo da programação das emissoras de televisão locais. Para compreender melhor como o ethos de “não-político” foi construído e comparar eventuais semelhanças e diferenças de abordagens, estendemos a análise à campanha eleitoral de 2018, em que o candidato concorreu para o cargo de governador de São Paulo. O corpus delimitado consistiu em 8 programas e 8 inserções do primeiro turno e 8 programas e 3 inserções referentes ao segundo turno. Para interpretação dos dados coletados, empregamos o método de Análise do Discurso (AD), com base em abordagens de Maingueneau (2008a, 2008b, 2015) e Charaudeau (2015, 2016). Entre os resultados obtidos, destacamos que o ethos de “não-político” é construído principalmente através das figuras de rico, celebridade, trabalhador, gestor e herói, associadas aos mais diversos atributos pessoais. As cenografias analisadas revelaram, ainda, que as figuras de antipetista e “BolsoDoria” também remetem a esse ethos, na medida em que apresentam outra faceta marcante do “não-político”, que é o antipolitismo reforçado por um patriotismo acentuado, a ponto de Doria comparecer às ruas para participar de manifestações populares contra políticos e incorporar o ethos de um candidato marcadamente anti-establishment.
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