Análise do comportamento social do peixe-zebra: uma abordagem sobre respostas do tipo ansiedade e nocifensivas
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Data
2022-04-28Primeiro membro da banca
Piato, Angelo Luis Stapassoli
Segundo membro da banca
Barreto, Rodrigo Egydio
Terceiro membro da banca
Rico, Eduardo Pacheco
Quarto membro da banca
Rubin, Maribel Antonello
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O comportamento social desempenha um papel adaptativo essencial em diversas espécies no reino animal. Em virtude do papel biológico deste comportamento, o uso de modelos de pesquisa em animais sociais, como o peixe-zebra (Danio rerio), apresenta-se como uma estratégia para a compreensão dos processos biológicos associados a esse complexo comportamento. Visando elucidar aspectos relacionados ao comportamento social do peixe-zebra, buscamos aqui caracterizar as respostas comportamentais frente a diferentes contextos, abordando situações de estímulos ansiogênicos e nociceptivos. Em um primeiro estudo, desenvolvemos uma nova metodologia de análise tridimensional (3D) da ocupação espacial de cardumes de peixe-zebra e analisamos as alterações comportamentais induzidas pela substância de alarme de coespecíficos (CAS), cafeína (CAF) (substâncias ansiogênicas) ou diazepam (DZP) (substância ansiolítica). As análises 3D comportamentais revelaram que a CAS e a CAF diminuíram o volume do cardume, distância média dos peixes em relação ao ponto centroide do cardume e aumentaram a geotaxia, mas apenas a CAS reduziu a distância média entre peixes quando comparados ao grupo controle (CTRL). Por outro lado, o DZP aumentou o volume do cardume e distância entre peixes. Além dos achados referentes às manipulações farmacológicas, realizamos uma comparação entre análises bidimensionais (2D) e 3D, as quais demostraram diferenças interpretativas dos resultados comportamentais devido às limitações das análises 2D, que subestimam a distribuição dos indivíduos em uma perspectiva dimensional. Desta maneira, o experimento demostrou a importância da otimização das técnicas de análises, afim de representar mais precisamente a ocupação espacial de grupo de animais. Em um segundo estudo, utilizando a metodologia 3D desenvolvida, investigamos os efeitos do comportamento nocifensivo nas respostas sociais no peixe-zebra. Para esta finalidade, analisamos as respostas comportamentais antes e após injeção intraperitoneal (i.p.) de tampão fosfato-salino (PBS) (CTRL), ácido acético 5% (AA), morfina 2,5 mg/kg (MOR) ou ácido acético 5% mais morfina 2,5 mg/kg (AA+MOR) em apenas um indivíduo de cardume de quatro peixes. Além disso, testamos a preferência social por cardumes tratados com PBS, AA ou por aquário vazio. Os dados revelaram que a administração i.p. de AA desequilibra a homogeneidade do cardume, por induzir dispersão do peixe manipulado e agrupamento dos animais não manipulados. Além disso, a coadministração de morfina protegeu dos efeitos comportamentais induzidos por AA. O teste de preferência social revelou uma ampla preferência por cardumes PBS em relação ao AA. Portanto, o segundo estudo mostrou que a nocicepção é capaz de modular a sociabilidade do peixe-zebra, bem como a capacidade de reconhecimento visual de comportamentos nocifensivos. Em suma, os dados dos estudos desenvolvidos nesta tese demostram a plasticidade do comportamento social do peixe-zebra como uma resposta adaptativa defensiva frente a mudanças aversivas. De modo geral nossos achados que poderão servir de suporte para refinar as metodologias de análise comportamental, bem como as de bem-estar animal desta espécie em ambientes laboratoriais
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