Condição bucal em pacientes com transtorno do espectro autista (TEA): uma revisão sistemática de estudos observacionais com grupo controle
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Data
2022-08-25Primeiro membro da banca
Stefani, Cristine Miron
Segundo membro da banca
Ferreira, Fabiana Vargas
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Indivíduos com transtorno do espectro autista (TEA) podem ser mais suscetíveis a desenvolverem doenças bucais crônicas não transmissíveis quando comparados aos indivíduos sem outras condições ou neuroatipias. Isso pode ser devido à seletividade alimentar, uso de medicamentos e padrões comportamentais associados a comportamentos orais prejudiciais. O objetivo desse estudo foi revisar sistematicamente a literatura a fim de comparar cárie, higiene bucal, doenças periodontais, bruxismo, má oclusão, perda dentária e alterações salivares entre indivíduos com TEA e indivíduos controle sem outras condições ou neuroatipias. Pesquisas eletrônicas foram realizadas nas bases de dados EMBASE, Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS), PubMed, PsycINFO, Scopus, Web of Science, além de literatura cinzenta (Google Scholar e ProQuest) sem restrição de período de publicação. Busca manual por estudos adicionais também foi realizada. Os softwares EndNote e Rayyan foram usados para gerenciar referências e auxiliar na remoção de duplicados. Foram incluídos somente estudos observacionais (transversal, coorte e caso-controle), que avaliaram as condições bucais na população com TEA em comparação com os indivíduos controle sem TEA ou qualquer outra neuroatipia apresentando medidas clínicas dos desfechos orais. Dois revisores independentes realizaram a seleção dos estudos em duas fases, a extração dos dados com formulário padronizado e a avaliação da qualidade metodológica dos estudos por meio da escala Newcastle-Ottawa. Metanálises de diferenças médias padronizadas (SMD) e risco relativo/razão de prevalência (RR/RP) foram realizadas. 42 estudos compreendendo um total de 7217 indivíduos foram incluídos na revisão. As metanálises revelaram que indivíduos autistas apresentaram significativamente maior severidade de cárie em dentes decíduos (SMD 0.29, 95% CI 0.04-0.53), maior severidade de lesões de cárie não tratadas (SMD 0.27, 95% CI 0.06 to 0.48, I² 88%), maior prevalência (RR 2.46, 95% CI 1.23 to 4.91, I² 83%) e severidade (SMD 0.59, 95% CI 0.24 to 0.94) de pior condição de higiene bucal e de gengivite (RR 1.31, 95% CI 1.02 to 1.70) (SMD 0.45, 95% CI 0.02 to 0.88, I² 95%), pH salivar significativamente mais baixo (SMD -0.62, 95% CI -0.99 to -0.26, I² 46%), maior prevalência de bruxismo (RR 4.52, 95% CI 2.07 to 9.86, I² 85%), sobressaliência aumentada (RR 2.16, 95% CI 1.28 to 3.64, I² 89%), sobremordida aumentada (RR 1.62, 95% CI 1.02 to 2.59, I² 80%), mordida cruzada (RR 1.48, 95% CI 1.02 to 2.13, I² 57%) e mordida aberta (RR 2.37, 95% CI 1.46 to 3.85, I² 54%) quando comparados aos indivíduos controle neurotípicos. Maiores médias de dentes e superfícies restauradas foram significativamente encontradas nos indivíduos controle (SMD 0.30, 95% CI -0.49 to -0.10, I2 85%). Em geral, as análises de subgrupo envolvendo estudos com alto risco de viés e ausência de variáveis de pareamento fortaleceram as associações. Nossos achados sugerem que os indivíduos autistas apresentam pior condição de saúde bucal quando comparados a controles neurotípicos.
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