Estratégias de narração do si: figurações da memória em Black Boy (American Hunger), de Richard Wright
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Data
2023-01-31Primeiro membro da banca
Silva, Denise Almeida
Segundo membro da banca
Mathias, Dionei
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Mostrar registro completoResumo
Esta dissertação, inscrita no campo da teoria da literatura, tem como problema central a seguinte questão: como o sujeito transforma a sua história de vida e a sua experiência de mundo em tessitura literária? Essa problemática é articulada no horizonte da literatura norte-americana, de forma mais específica, da literatura afro-americana, ao eleger como objeto de estudo a narrativa autobiográfica Black Boy (American Hunger): a record of childhood and youth (2005 [1945/1977]), do escritor Richard Wright (1908 – 1960). A hipótese levantada é de que, tendo como centro as figurações da memória, lança-se mão de um conjunto de estratégias pelas quais se erige a narrativa do si. Tal conjectura é colocada à prova por meio da análise literária ancorada nas teorias da narrativa e nos estudos culturais. O exercício crítico efetivado nesse viés teórico é sustentado pelo tripé narrativa, memória e identidade, conceitos articulados a partir dos autores Gérard Genette (1995), Mieke Bal (2021), Roland Barthes (1973; 2004), Walter Benjamin (2012), Paul Ricoeur (2010; 2007), Chimamanda Ngozi Adichie (2009), Maurice Halbwachs (2003), Jöel Candau (2016), Birgit Neumann (2008), Jan Assmann (1995), Astrid Erll (2008), Frantz Fanon (2008), Dennys Cuche (1999), W. E. B. Du Bois (2007) e Kathryn Woodward (2014), dentre outras vozes teóricas trazidas à discussão de acordo com a demanda interpretativa. Assim, nos dois primeiros capítulos, realizo uma discussão teórica retomando as três categorias analíticas citadas e, a partir da historiografia literária em articulação com a discussão sobre identidade afro-americana, problematizo definições de identidade afro-americana e de literatura afro-americana, bem como seu percurso histórico. Em relação aos capítulos analíticos, no primeiro observo as estratégias de narração do si centradas na construção de uma narrativa individual, observando a enunciação de um discurso autorreferencial, a representação da memória e a percepção das dinâmicas identitárias. No seguinte, averiguo o enredamento (SCHAPP, 2007) do si, ou seja, a administração de narrativas operada no projeto narrativo de Wright a partir de vetores relacionados ao diálogo com o capital narrativo, atrelados ao contexto geográfico que atravessa o sujeito da escritura, a História e esse conjunto narrativo como uma forma de construção da memória cultural e de reavaliação da compreensão da nação. Desse modo, evidencia-se o desenrolar das estratégias de narração do si em duas macroestruturas: na primeira, o si narrado, que procura reconstituir a sua narrativa de subjetividade por meio da memória, ao se aproximar da experiência pretérita e das suas percepções sobre a identidade; na segunda, o si enredado, o gerenciamento de um capital narrativo que cruza as malhas subjetivas do sujeito e promove um trânsito das esferas individual e coletiva, em que ao se reexaminar a história de vida do indivíduo, se redimensiona a relação com a própria nação.
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