Dinâmicas territoriais em Distancia de rescate, de Samanta Schweblin: considerações sobre o território latino-americano
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Data
2023-02-07Primeiro membro da banca
Alves, Wanderlan da Silva
Segundo membro da banca
Santos, Pedro Brum
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Com o intuito de observar formas territoriais que atravessam a América Latina, este trabalho
tem como principal objetivo de análise as dinâmicas territoriais desenvolvidas no universo
ficcional da narrativa de Distancia de rescate (2014), da escritora argentina Samanta
Schweblin. Entretanto, a fim de dar horizontalidade à percepção territorial latino-americano,
duas breves análises literárias são incluídas: De gados e homens (2013), da escritora brasileira
Ana Paula Maia; e Temporada de huracanes (2017), da escritora mexicana Fernanda
Melchor. Na composição da dissertação, a fundamentação teórica em torno das noções de
território e desterritorialização é realizada a partir dos estudos do geógrafo Rogério Haesbaert,
em especial do seu livro O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à
multiterritorialidade (2011). Na sequência, busca-se entender o que se compreende como
América Latina, tendo como base crítica os ensaios de Walter Mignolo (2005) e Darcy
Ribeiro (1986), e o contexto de produção literária atual, em que se localizam as narrativas
analisadas, sobretudo a partir das considerações feitas por Josefina Ludmer (2013), Florencia
Garramuño (2014) e Alberto Giordano (2010). Para a análise de Distancia de rescate, são
suportes essenciais os estudos de Leone (2016; 2017) sobre o imaginário rural argentino, uma
vez que no livro é apresentada uma problemática que envolve a relação humana com o
ambiente natural do pampa gaúcho, e nele são evidenciadas ações do mercado capitalista que
violam o ecossistema do campo e transformam as formas de ser e estar neste território em
corrupção. Assim, ao final, percebe-se o delineamento de uma zona hostil para a vida
humana, que causa o apagamento da identificação de alguns sujeitos com o território e
deforma aqueles que persistem em viver nele. Dessa forma, quanto às territorialidades latinoamericanas, os três romances traçam territórios que sofrem com a ausência do poder do
Estado, a presença de empreendimentos capitalistas nas regiões rurais, formas de violência no
cotidiano privado e público, forças que corrompem a humanidade dos sujeitos e com a
melancolia de uma previsão de futuro perverso e cada vez mais excludente.
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