Para além da narrativa de sucesso: uma análise pós-colonial e interseccional da Agenda Mulheres, Paz e Segurança na MINUSCA
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Data
2022-12-15Primeiro membro da banca
Pozzatti Júnior, Ademar
Segundo membro da banca
Campos, Paula Drumond Rangel
Metadata
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Esta dissertação propõe-se a realizar uma análise pós-colonial e interseccional da Agenda
Mulheres, Paz e Segurança (MPS) na MINUSCA (Missão Multidimensional Integrada das
Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana) no período de 2014 a
2021. Dividido em quatro tópicos de investigação, este trabalho analisou a) a participação de
mulheres nas operações de manutenção da paz; b) a capacitação pré-desdobramento das
mulheres e o treinamento em assuntos de gênero; c) a prevenção da violência de gênero e a
atuação de Gender Advisers na MINUSCA e d) as dinâmicas de raça que refletem o racismo e
a xenofobia no ambiente institucional e interpessoal. Utilizando a metodologia Estudo de
Caso, as principais fontes dessa análise foram os relatórios trimestrais da MINUSCA no
período de 2014-2021, e as entrevistas realizadas com mulheres brasileiras participantes da
operação no período. Em termos teóricos, este estudo parte das contribuições de Scott (1990)
sobre o conceito de gênero, buscando analisar como o Estado possui bases patriarcais
(PATEMAN, 1993) e a partir disso, como é necessário uma abordagem feminista para os
estudos de Segurança Internacional para pensarmos instituições e práticas internacionais
(PETERSON, 1992; TICKNER, 1992, 2001;SJOBERG, 2009). De forma semelhante, o
conceito de Masculinidade Hegemônica, pensada por Connell (1995) nos ajuda a
compreender como instituições militarizadas possuem uma cultura generificada
(CARREIRAS,2010) e como isso afeta as práticas militares, políticas estatais e discursos de
segurança. Por fim, esse trabalho buscou mapear as origens, as intenções e a linguagem
colonial da Agenda MPS (PARASHAR,2018) a partir do olhar pós-colonial (HALL, 2003) e
interseccional ( CRENSHAW, 1991, 2002; HILL COLLINS, BILGE, 2021).Concluiu-se que
os relatórios trimestrais da MINUSCA, assim como os demais dados fornecidos pelas Nações
Unidas, apesar de abrangentes, são insuficientes para captar todas as dinâmicas que ocorrem
no terreno. Somente a análise micro e macro, estrutural e subjetiva, com recorte
interseccional, é capaz de compreender as dinâmicas de poder presente nesses espaços e
propor estratégias que levem em consideração o contexto local de atuação da Agenda MPS.
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