Transmasculinidades, direitos sexuais e reprodutivos e representações sociais
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Data
2023-01-08Primeiro membro da banca
Narvaz, Martha Giudice
Segundo membro da banca
Gonçalves, Camila dos Santos
Metadata
Mostrar registro completoResumo
As transmasculinidades são uma categoria integrante do termo guarda-chuva das trans
identidades, cuja experiência é marcada pela transgeneridade, isto é, a não concordância entre
sexo e gênero, abarcando uma série de identidades e/ou expressões de gênero que escapam à
cisgeneridade. As transmasculinidades permanecem como uma categoria política relativamente
recente e invisibilizada dentro do movimento LGBTTQIA+, o que impacta na garantia e
efetivação de seus direitos, dentre eles, os direitos sexuais e reprodutivos (DSR). Tratando-se
de um grupo não-homogêneo, é possível apontar que homens trans acedem à parentalidade de
diferentes maneiras, sendo que alguns, mesmo após a transição, desejam acessá-la por meio da
gestação, o que gera uma experiência complexa que desafia construtos de sexo/gênero. Levando
em consideração que a gestação e reprodução são experiências associadas com o feminino e o
corpo de mulheres cis, questionamos: Que discursos as mídias difundem sobre gestação e
parentalidade para homens trans? Como estes discursos estão associados com representações
sobre feminilidades e masculinidades? E, de que formas a medicalização e a patologização das
trans identidades invisibiliza outros aspectos das vidas de homens trans? Portanto, ao
considerarmos as mídias enquanto importantes espaços de (re)construção e disseminação de
representações sociais, temos como objetivo geral analisar os possíveis sentidos atribuídos à
parentalidade e gestação de homens trans na mídia. Como objetivos específicos, identificar
como e quais representações sociais sobre masculinidades e feminilidades estão envolvidas
nesta midiatização sobre homens trans que gestam e, discutir de que maneiras a medicalização
e patologização das transmasculinidades impacta na efetivação de seus direitos sexuais e
reprodutivos. Para tanto, pretendemos realizar uma análise de conteúdo do documentário “Pai
Grávido” (2022). Como referenciais teóricos, temos a Teoria das Representações Sociais (TRS)
e o Transfeminismo. Percebemos que pode haver uma invisibilização da gestação e
parentalidade de homens trans ao serem enquadrados dentro de uma ideia de “esterilização
simbólica”, como se pessoas trans não desejassem ou não pudessem gerar uma vida ou
constituir famílias, configurando-se enquanto “parentalidades impensáveis”. Concluímos que a
negligência com os direitos sexuais e reprodutivos da população trans está diretamente
relacionada com a medicalização e patologização de suas identidades, bem como à redução de
suas experiências à transição hormonal e procedimentos cirúrgicos, a partir do mito do
“transexual verdadeiro”, assim como notamos a importância da disseminação de narrativas e
histórias de vida de pessoas trans nas mídias como forma de humanização e representatividade.
A partir disso, torna-se importante desnaturalizar representações sobre gênero, para considerar
homens trans gestantes em suas especificidades, assegurando o direito que possuem à
reprodução e parentalidade.
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