Tentativas de suicídio na adolescência: atribuindo sentidos e significados
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Data
2023-03-03Primeiro membro da banca
Pereira, Caroline Rubin Rossato
Segundo membro da banca
Cruz, Cláudia Weyne
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A presente dissertação teve como objetivo realizar uma aproximação dos sentidos e significados
atribuídos às tentativas de suicídio, na perspectiva dos adolescentes que realizaram a tentativa,
dos seus familiares, e de outros jovens afetivamente próximos. A adolescência é compreendida
como um tempo de suspensão, uma passagem, que exige intenso trabalho psíquico. Enquanto,
idealização, seria um tempo feliz, e não deixa de ser em vários momentos. No entanto, alguns
adolescentes em meio à turbulência dessa travessia são invadidos por um sofrimento difuso,
uma certa dose de melancolia, que descortinam sentimento de vazio, tristeza, angústia e corrói
suas existências. E, quando todo esse intenso sofrimento, não cabe mais dentro de si, encontra
vias de significação no próprio corpo. As autolesões, os atos autodestrutivos, os
comportamentos de risco, os jogos que “brincam” com a vida, as condutas que desafiam e
aproximam perigosamente da morte, constituem o pano de fundo e evidenciam as formas de
sofrer dos adolescentes na contemporaneidade. Ainda, quando o desespero toma conta e o
impulso fala mais alto, recorrem às tentativas de pôr fim à própria vida e fantasiam a morte na
esperança de acabar com a dor. Nesse contexto, foi realizada uma pesquisa qualitativa, baseada
no método clínico-qualitativo de Turato (2013), com delineamento de estudos de casos
múltiplos (Yin, 2001). Foram analisados quatro casos de adolescentes que tentaram suicídio
entre 2019 e 2020, incluindo seus familiares e outros jovens afetivamente próximos. Para coleta
de dados aplicou-se entrevistas semiestruturadas, com eixos norteadores, e a análise dos dados
foi efetivada pelo método de análise de conteúdo proposto por Bardin (1977). Como principais
resultados destaca-se, que os adolescentes se apresentam como pessoas silenciosas, solitárias,
com vivências familiares de rompimento de vínculos, perdas concretas e simbólicas de seus
pais, abandono afetivo, falta de acolhimento e de espaços continentes de escuta e validação de
seu sofrimento. Além disso, as tentativas de suicídios revelam os contornos de uma angústia
desconcertante, um desamparo, uma falta de afeto, de sustentação e de ancoragem e uma dor
psíquica insuportável que transborda em atos autoagressivos, representando um risco a si
mesmos. Há uma comunicação implícita nesse ato, compreendida como um pedido de ajuda e,
que, não pode ser silenciada. Foi possível compreender também algumas sutilezas e
complexidades do comportamento suicida na adolescência, sob o olhar da psicologia, que
poderão contribuir para ações de prevenção pautadas na escuta e acolhimento da dor psíquica,
na manutenção e no fortalecimento dos laços afetivos entre pais e filhos e na psicoeducação
parental. À vista disso, evidencia-se a urgência de programas de promoção de saúde mental e
de ações que resgatem o desejo pela vida dos adolescentes, com atenção especial àqueles que
vivenciem situações que favoreçam o risco de suicídio. Ainda, torna-se fundamental
sensibilizar, resgatar a empatia, romper pactos de silêncio e promover a tomada de consciência
sobre o comportamento suicida na adolescência.
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