Histórico de sofrimento psíquico em crianças de 2 a 4 anos: possíveis efeitos no desenvolvimento e na linguagem
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Data
2023-03-24Primeiro membro da banca
Della Méa, Célia Helena de Pelegrini
Segundo membro da banca
Machado, Fernanda Prada
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O tema desta pesquisa foi a relação entre o histórico de sofrimento psíquico e efeitos no
desenvolvimento infantil, em especial, no processo de aquisição da linguagem. Esse tema emergiu da
observação clínica e também explícita na literatura da relação entre psiquismo e linguagem, sobretudo nas
etapas iniciais do desenvolvimento. Deste modo, a pesquisa teve como objetivo principal analisar a
relação entre histórico de sofrimento psíquico e atraso na aquisição da linguagem em crianças de 2 a 4
anos de idade, que frequentavam educação infantil no Município de Farroupilha (RS).A primeira etapa
constituiu-se do envio de um formulário digital que investigava dados básicos da família e da criança, bem
como resposta aos Indicadores de Risco ao Desenvolvimento Infantil em sua versão questionário (IRDIQ) que foi respondido por 85 pais. Em segunda etapa on line da pesquisa, foram enviados 54 testes para
resposta on line do Inventário Dimensional de Avaliação do Desenvolvimento Infantil (IDADI), dos quais
retornaram apenas 13 inventários.
Os 39 casos com histórico de sofrimento psíquico, com pontuação de 33 ou mais no IRDI-Q,
foram convidados para a segunda etapa da pesquisa, que era presencial. Apenas oito crianças
compareceram a esta etapa e foi aplicada a Escala Labirinto, e quando necessário, complementados os
dados do IDADI.
A partir dos dados da primeira etapa, foi realizado um estudo quantitativo em que as variáveis
sociodemográficas, dados de Apgar, dados do brincar, da comunicação e linguagem foram analisados em
sua associação com o histórico de sofrimento psíquico. Os resultados do estudo quantitativo evidenciaram
que o histórico de sofrimento psíquico não sofreu influência de variáveis sociodemográficas nem se
associou a alguns aspectos do desenvolvimento infantil, considerando grandes marcos de linguagem e
início do brincar simbólico na amostra estudada. Houve apenas uma tendência à dificuldade na
socialização com outras crianças no grupo com histórico de sofrimento psíquico, quando comparado ao
grupo sem esse histórico.
Já em relação ao estudo qualitativo com as oito crianças, evidenciou-se que as crianças com
histórico de sofrimento psíquico avaliadas apresentaram atraso na aquisição da linguagem e na cognição,
sobretudo quando tinham pontuações mais elevadas no IRDI-Q. Em geral, o terceiro mecanismo
enunciativo esteve mais ausente nas interações com a pesquisadora, evidenciando que, mesmo que
houvesse tipicidade em grandes marcos da linguagem, a instauração do sujeito do discurso esteve
dificultada para essas crianças. Como conclusão do estudo, pode-se afirmar que o IRDI-Questionário é
um instrumento viável para avaliação do desenvolvimento infantil no âmbito educacional, desde que
acompanhado de avaliações detalhadas e singulares dos casos com histórico de sofrimento psíquico, já que
há casos em que há superação dos sinais de risco e outros em que eles produzem efeitos no
desenvolvimento infantil na aquisição da linguagem.
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