Eduardo Galeano nas tramas do discurso: a reconstituição da memória como forma de (re)existência
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Data
2023-05-29Primeiro membro da banca
Sturza, Eliana Rosa
Segundo membro da banca
Medeiros, Vanise Gomes de
Metadata
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Neste estudo propomos, a partir dos construtos teóricos da Análise de Discurso,
explicitar o que ressoa no processo de escrita de Eduardo Galeano em sua relação
com a América Latina. Assim, compreendemos o lugar de Galeano enquanto um
sujeito-escritor, que se aventura por lugares, relatos, pessoas, que vive na corda
bamba entre presente, passado e futuro – um caçador de histórias. Ele se diz vindo
de uma terra onde não se assiste a “infância selvagem do capitalismo, mas sua
decrepitude”, terra essa vítima de um sistema “moribundo desde que nasceu”
(GALEANO, [1971]2020, p. 324). É a partir da noção de sujeito, conforme
desenvolvida por Pêcheux ([1975]1995), que caminhamos no processo analítico,
observando como esse sujeito latino-americano se constitui diante das condições de
produção que lhe são impostas. Nos interessam as tomadas de posição, os
deslocamentos e deslizes que constituem um sujeito atravessado pela linguagem e
interpelado ideologicamente. Ainda, a noção de interdiscurso (PÊCHEUX,
[1975]1995; ORLANDI [1999]2015) guia essa escrita, de modo que é por esse
conceito que compreendemos como os já-ditos retornam no enunciado de um sujeito.
A América Latina que trazemos para compor nossas análises é aquela descrita por
Galeano em sua obra; uma América com as veias abertas, prestes a transbordar
(sentidos, memórias, efeitos...) e com vistas para o devir. Esse espaço, que
compreende uma vasta extensão territorial, ocupa um lugar de produção de sentidos
na constituição do sujeito, relacionando-se com as estruturas e os processos que
fazem parte dessa constituição. Objetivamos através da escrita, da construção de uma
experiência de aventura diante de nosso corpus de pesquisa, explicitar a história de
Galeano para contar a história da América Latina tendo como guia o incessante
lembrete de ver a história grande através da história pequena. Iniciamos tal qual um
arqueólogo, que pelos fragmentos ingressa na busca – eterna e impossível - de
encontrar a unidade. Sabemos, enquanto analistas de discurso, que a unidade é uma
ilusão; por outro lado, buscá-la é o que garante nosso movimento singular diante do
corpus. Nesse sentido, o trabalho de selecionar, reunir e agrupar recortes de livros,
entrevistas e outros materiais artístico-simbólicos já se institui como um movimento
de apropriação do corpus. Por fim, é através do encontro do corpus de pesquisa com
o dispositivo analítico construído nesta pesquisa, que tecemos uma possível trajetória
de Galeano como aquele que produz um espaço de (re)existência a partir da escrita,
em um processo de reconstituição da memória da América Latina.
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