Consumo e identidades de trabalhadoras rurais pomeranas e quilombolas do sul do Brasil
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Data
2023-04-28Primeiro membro da banca
Jacks, Nilda Aparecida
Segundo membro da banca
Cruz, Milena Carvalho Bezerra Freire de Oliveira
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O presente estudo é realizado com trabalhadoras rurais de origem pomerana e quilombola,
moradoras de São Lourenço do Sul/RS. Por meio de pesquisa empírica qualitativa, buscamos,
como objetivo geral, interpretar qual é a imagem que esse grupo de mulheres tem do que é uma
mulher rural e qual o impacto da representação construída a partir das mídias televisivas e da
internet na autorrepresentação mediada pela sociabilidade, identidade e pelas redes delas como
trabalhadoras rurais. Utilizamos, para isso, a metodologia de Retratos Sociológicos, proposta
por Bernard Lahire (2004), que possibilita a compreensão das trajetórias de vida das
interlocutoras, e de como elas consomem e interagem com a mídia. A pesquisa se alinha com a
vertente de estudos culturais, especificamente, a teoria dos usos sociais da mídia, de Jesús
Martín-Barbero (1997, 2018), tendo em vista os entrelaçamentos que o autor propõe entre a
cultura e os produtos midiáticos no cotidiano dos indivíduos. Como resultados, percebemos que
tanto pomeranas como quilombolas consideram que a imagem da mulher rural mostrada pela
mídia é de alguém sofrida e trabalhadora, de pele branca. Enquanto as pomeranas não se
identificam com esta representação em função da negação de sua classe e por buscarem se
vincular a estratos econômicos mais elevados, as quilombolas não se identificam em função da
sua cor, e por consequência, se sentem representadas pelas imagens de mulheres negras urbanas.
A partir das entrevistas, também constatamos que a mídia cumpre diferentes papéis dentro de
cada comunidade, podendo ser vista como uma distração ou como um espaço de aprendizado e
inspiração. Igualmente, notamos o papel central que as redes sociais digitais, em especial o
Facebook, ocupam na forma com qual as interlocutoras escolhem se autorrepresentar. As
pomeranas exaltam o trabalho na lavoura e buscam demonstrar uma possível vinculação com o
agronegócio e os grandes produtores. Já as quilombolas evidenciam os papeis de liderança que
ocupam junto ao movimento negro. Ainda no Facebook, mulheres de ambas as comunidades
exaltam a maternidade e a importância da família. No que concerne ao consumo de mídia,
chama atenção a consolidação da internet na zona rural, com seu uso atrelado a atividades de
trabalho e lazer de todas as integrantes da pesquisa.
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