Estratégias argumentativas sobre a vacinação pediátrica contra Covid-19: o discurso de Jair Bolsonaro e Marcelo Queiroga
Visualizar/ Abrir
Data
2023-07-25Primeiro membro da banca
Sousa, Diógenes Lycarião Barreto de
Segundo membro da banca
Storch, Laura Strelow
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A autorização das vacinas pediátricas contra Covid-19 no Brasil foi permeada por
desinformação e posicionamentos polêmicos, sobretudo, nos discursos do ex-presidente da
República Jair Messias Bolsonaro e do ex-ministro da Saúde, Marcelo Antônio Cartaxo
Queiroga. Essa pesquisa se concentra em analisar estas manifestações dos dois atores
públicos, em suas falas citadas direta e indiretamente nos jornais online GZH e Poder 360,
ambos integrantes do The Trust Project - um consórcio internacional de veículos que
compartilham indicadores destinados à credibilidade do conteúdo noticioso - sendo o primeiro
focado em notícias gerais e o segundo especializado em pautas sobre política e poder.
Analisa, ainda, as contas pessoais da rede social Twitter dos dois atores públicos. O
embasamento teórico sobre desinformação advém dos estudos de Wardle e Derakhshan
(2017) e Recuero et al (2018, 2020, 2021, 2022). A metodologia aplicada para a realização da
análise é a das teorias da Argumentação, desenvolvida por Charaudeau (2006, 2007, 2022),
Breton (2003) e Amossy (2018). Desta forma, busca-se identificar quais os argumentos mais
utilizados por Bolsonaro e Queiroga para falar sobre a vacina pediátrica, se existem ou não
diferenças entre as manifestações dedicadas à imprensa e as direcionadas aos seguidores nas
redes sociais, a partir do uso da desinformação pública no discurso, um conceito em
elaboração, que é quando um ator público, isto é, um detentor de cargo público, seja por
carreira, indicação ou eleição, divulga desinformação, como sendo uma informação verídica e
precisa. Entre as principais conclusões da pesquisa está o uso, por parte de Jair Bolsonaro, do
negacionismo como estratégia argumentativa para dar declarações à imprensa, assim como
recorreu ao uso da desinformação pública em seus discursos. Concomitantemente, no Twitter,
o assunto vacinação pediátrica foi silenciado pelo ex-presidente, demonstrando que havia uma
estratégia previamente traçada para abordar o assunto em diferentes mídias. A abordagem
estratégica do assunto também é percebida no discurso de Marcelo Queiroga, que recorre,
prioritariamente, ao argumento de autoridade: na imprensa para valorizar Bolsonaro; no
Twitter, para ressaltar o trabalho do Ministério da Saúde. Sobre os meios de comunicação
estudados, GZH e Poder 360, observou-se uma repetição contínua das mesmas falas dos dois
atores públicos, em diferentes conteúdos, o que pode potencializar a circulação da
desinformação - mesmo que seja em notícias que desconstroem a informação deturpada,
afinal, cada vez que ela é apresentada pela imprensa, pode chegar a públicos ainda não
alcançados anteriormente, assim como dá visibilidade para a desinformação proferida.
Coleções
Os arquivos de licença a seguir estão associados a este item: