Risco é notícia? A relevância jornalística dos riscos nos grandes desastres da mineração brasileira
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Data
2023-05-26Primeiro membro da banca
Victor, Cilene
Segundo membro da banca
Loose, Eloisa Beling
Terceiro membro da banca
Moraes, Claudia Herte de
Quarto membro da banca
Quadros, Mirian Redin de
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Nos propomos a compreender como o jornalismo lida com os riscos de desastres no contexto
da sociedade de risco (BECK, 2016) e especificamente no cenário brasileiro, em que os
indicadores de situações de risco estão relacionados a circunstâncias de vulnerabilidade
(VALENCIO; VALENCIO, 2017). Partimos do entendimento que as notícias são construções
sociais da realidade que seguem determinados padrões ritualísticos de elaboração baseados em
critérios de noticiabilidade, os quais conferem relevância aos acontecimentos (WOLF, 2009;
TRAQUINA, 2005; SILVA,2014), e que os jornalistas integram uma comunidade interpretativa
com formas culturais próprias de enxergar o mundo e conferir significação aos acontecimentos
(ZELIZER, 200; TRAQUINA, 2005). Quanto aos riscos, entendemos que não são percebidos
por todas as pessoas e grupos da mesma forma (SLOVIC; WEBER, 2002; SJÖBERG et al.,
2004; LIMA, 1995) e tendem a receber certo grau de opacidade na teia social. Tomando como
pressuposto a ideia de que noticiar acontecimentos que ainda não se deram não integra a cultura
jornalística e seus critérios de noticiabilidade, nosso principal objetivo é pontuar a atuação e o
papel do jornalismo diante dos riscos como fatos socialmente invisibilizados. Para tanto,
analisamos períodos prévios e posteriores a dois grandes desastres da mineração brasileira,
entendidos a partir da perspectiva do acontecimento (QUÉRÉ, 2005). Utilizamos o aporte da
Análise de Conteúdo (BARDIN, 2016) para analisar como os riscos relacionados às barragens
de mineração aparecem na cobertura do portal em.com.br no ano anterior e no ano posterior aos
rompimentos de barragens ocorridos em Mariana e Brumadinho, ambos municípios do estado
de Minas Gerais, totalizando quatro períodos analisados. Observamos a importância que o
jornalismo atribui aos riscos ao longo dos períodos e seus respectivos contextos. Constatamos
que há uma crescente na relevância dos riscos com destaque para os períodos posteriores à
ocorrência dos desastres. Concluímos que os riscos integram uma linha contínua em que os
acontecimentos emergem e acumulam novas questões para as quais são jogadas luzes e a
relevância do tema para o jornalismo se faz de forma diretamente proporcional à percepção
deles. Da mesma forma que os riscos são desvelados, inaugurados e percebidos de forma mais
destacada no contexto dos desastres, tendem a aparecer no jornalismo associados a coberturas
de crise
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