Hegemonismos, pactos e impactos da sojicultura – territorialização e desterritorialização no Pampa gaúcho
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Data
2023-12-07Primeiro membro da banca
Alves, Vicente Eudes Lemos
Segundo membro da banca
Flores, Carmen Rejane
Terceiro membro da banca
David, Cesar de
Quarto membro da banca
Foschiera, Atamis Antonio
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Este estudo tem como objetivo analisar a dinâmica da sojicultura no Pampa gaúcho, a
configuração de sua cadeia produtiva, as relações locais-globais que hegemonizam os territórios
e os pactos e impactos gerados pela sua reprodução no espaço geográfico. A metodologia
utilizada referenciou-se no método materialista, histórico e dialético para evidenciar e
problematizar a discussão pretendida, incorporada pelo método comparativo, mediante revisão
bibliográfica e uso de fontes reconhecidas. Inicialmente, foi identificada e analisada a área de
estudo, definida por critérios estatísticos, composta pelos municípios de Tupanciretã, São
Gabriel, Júlio de Castilhos, Cachoeira do Sul e Dom Pedrito. Apoiada por um amplo referencial
bibliográfico, procedeu-se a contextualização contemporânea acerca da inserção do Brasil na
Divisão Internacional do Trabalho e na globalização neoliberal. Verificou-se a acentuação de
três fenômenos – a desindustrialização, a desnacionalização e a reprimarização brasileira, que
vão influenciar o cenário em que vem se consolidando a sojicultura no modelo transgênico, que
detém 96% da área produzida. A expansão sojicultora no país ocorre baseada num modelo que
une a biotecnologia de sementes transgênicas, que exige significativo uso de fertilizantes,
agrotóxicos, mecanização agrícola, em grandes propriedades rurais, voltada principalmente à
exportação, com o protagonismo de grandes transnacionais. O Estado brasileiro é determinante
no processo, ao subsidiar o modelo que hegemoniza e homogeneíza o espaço agrário, o que
favorece a oligopolização nacional e estrangeira da cadeia produtiva. Além do crédito rural, o
Estado ainda desonera substancialmente o segmento com diversas políticas e incentivos, o que
gera a perda arrecadatória de tributos aos entes federados. Contudo, a sojicultura transgênica
não repercute na realidade as promessas que seus defensores propalam. Com os pactos forjados
que a beneficiam, são gerados preocupantes impactos no espaço, como o agravamento da
concentração fundiária, a dependência tecnológica, a vulnerabilidade social e alimentar e a
degradação ambiental. Nos principais municípios sojicultores do Rio Grande do Sul, a perda de
tributos impacta a capacidade do estado e das prefeituras em atender às necessidades
elementares de suas populações. Ocorre a escalada da concentração fundiária, especialmente
sobre áreas de produção de alimentos e sobre o bioma Pampa, que perdeu 29% de seu domínio,
entre 1985 e 2021. Com a vulnerabilidade social agravada nos territórios, ocorre a diáspora,
que não é verificada em outros municípios analisados, de outra primazia econômica. O uso
crescente de agrotóxicos acarreta a contaminação das redes de distribuição de água nestes
territórios, bem como a intoxicação de importantes rios e de outras culturas da região. Essa
ampla e diversificada análise provoca a reflexão da eficácia do modelo hegemônico como um
caminho para o desenvolvimento sustentável. Apresenta a fragilidade socioeconômica dos
pilares que o sustentam diante de vultosos benefícios que o impulsionam. Além de atravancar
possibilidades de outros paradigmas para o aproveitamento das imensas potencialidades
agrícolas brasileiras.
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