Tecendo redes entre mulheres, socialização feminina e o transtorno de personalidade borderline: uma revisão integrativa
Resumo
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é descrito por um padrão de instabilidade nos
relacionamentos entre pares, bem como nos afetos e na autoimagem. De acordo com o DSM-5
e DSM-5-TR, cerca de 75% dos sujeitos diagnosticados são mulheres. Assim, percebeu-se a
necessidade de explorar quais os pilares que sustentam essa proporção em relação ao sexo.
Nesse cenário, o Feminismo encontra a Psicologia para impulsionar e amparar reflexões e novas
práticas sobre a saúde mental das mulheres ao refletir sobre as relações de gênero. Por objetivo
geral estabeleceu-se a realização do mapeamento da literatura para compreender, se e como,
aspectos relacionados à socialização feminina das mulheres são considerados - ou não - em
relação ao diagnóstico de TPB, pela perspectiva das teorias feministas. Para tal, realizou-se uma
revisão integrativa da literatura, pesquisada nas bases de dados BVS, Portal de Periódicos
CAPES e PubMed, com os descritores 1) borderline personality disorder AND 2) sex difference
AND 3) diagnosis. Os resultados foram interpretados por meio da análise temática, com a
criação de três núcleos temáticos. Foi possível identificar que o diagnóstico do TPB em
mulheres, bem como a proporção entre homens e mulheres são atravessados diretamente pela
materialidade do sexo e, consequentemente, dos papéis de gênero cristalizados em relação ao
sexo. Sobre esses constructos, foi possível observar que a literatura, muitas vezes, opta por não
considerar as relações de gênero que mediam a cultura. Esse fator leva à diversas negligências
e vieses dentro da pesquisa científica e querer aparentar essa (falsa) neutralidade apenas reforça
a ideologia dominante, contribuindo para a manutenção das opressões anunciadas. Dessa forma,
foi percebida a reprodução de evidências fracas e que, ainda assim, são difundidas enquanto
fortes justamente por estarem de acordo com a perspectiva masculinista em voga atualmente
dentro da Psiquiatria e Psicologia. Nesse sentido, faz-se mister que os/as profissionais da saúde
mental construam o letramento de gênero, raça e classe e que sejam temas transversais na
formação desses/dessas trabalhadores/as, para que seja possível constituir novos caminhos de
análise e práticas que levem em consideração o caráter holístico do ser humano e,
especificamente, das mulheres.
Coleções
- TCC Psicologia [93]
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