Trajetória imigrante, fronteira e república: entre a enxada, o caderno e a cruz (1848-1930)
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Data
2023-08-31Primeiro coorientador
Beneduzi, Luis Fernando
Primeiro membro da banca
Vangelista, Chiara
Segundo membro da banca
Reznik, Luís
Terceiro membro da banca
Borin, Marta Rosa
Quarto membro da banca
Bolzan, Moacir
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A temática da tese está relacionada aos processos de construção, consolidação dos Estados
nacionais e as migrações europeias, e tem como objetivo compreender o processo de integração
cultural, que se expressa no político e na religiosidade de imigrantes de origem italiana,
sobretudo do Vêneto, ao longo da Primeira República (1889 – 1930) no Brasil meridional em
um contexto de experiência fronteiriça. Há muito tempo, a historiografia acerca da imigração
no Rio Grande do Sul tem desmistificado a ideia de que a sociedade de origem imigrante fosse
avessa ao nacionalismo italiano, politicamente apática, sem engajamento político ou como
massa eleitoral subserviente às classes políticas dirigentes no Estado. A justificativa de tal
compreensão seria, em grande medida, decorrente da origem majoritariamente camponesa da
região do Vêneto italiano, cuja cultura é descrita como marcadamente pacífica, ordeira e com
uma religiosidade católica muito forte. Esta tese trabalha com uma perspectiva
desmistificadora. A vivência da fronteira, como experiência de diferenciação e integração, foi
um fenômeno permanente nos processos migratórios. As problemáticas referentes ao processo
da construção da identidade italiana vinculada a formação do Estado italiano e a consequente
secularização da sociedade provocou rupturas nas referências tradicionais de identificação e
organização social que foram ressignificadas nas Américas. A presente Tese tem como objeto
os testemunhos escritos de Giulio Lorenzoni (1863-1934) Antônio Ceretta (1868 – 1943) e
Andrea Pozzobon (1863 – 1944) como base para reflexão e análise desse processo de integração
política e cultural. Enquanto abordagem metodológica, optou-se em utilizar seus testemunhos
como fio condutor para a construção da trajetória histórica desse momento de transformações.
A partir disso foi possível entender de que, antes de uma apatia política e da conformação das
identidades nacional e religiosa, essa geração de imigrantes estava inserida em um momento de
ruptura entre modernidade e tradição que se caracterizou pelo surgimento de novas práticas de
organização e identificação social, ou seja, um momento de aprendizagem política que se dava
dentro do projeto de modernização dos Estados. No Rio Grande do Sul, essas novas práticas
juntos às novas formas de sociabilidade serão de suma importância para os processos de
integração político e cultural. A narrativa que norteou nossa análise começa com o processo da
construção do Estado nacional italiano, prólogo da aprendizagem e integração política ao
mundo moderno, estendendo-se as primeiras décadas do século XX nas comunidades que
compuseram a Colônia Silveira Martins, quarta colônia Imperial implementada a partir de 1877.
A história do processo dessa integração da região hoje denominada de Quarta Colônia, será por
vezes confrontadas com a história de outros núcleos que se formaram no mesmo período a partir
de fontes documentais e bibliográficas recolhidas e consultadas no Brasil e na Itália. Esta tese
de Doutoramento está integrada a área de Concentração História, Cultura e Poder junto à Linha
de Pesquisa Fronteira, Política e Sociedade do Programa de Pós-Graduação em História da
UFSM e contou com o apoio e financiamento da CAPES, com bolsa de doutorado Demanda
Social e com Bolsa Sanduíche junto a Universidade Ca’Foscari de Veneza entre setembro de
2019 e março de 2020 durante o início da Pandemia de Covid 19.
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