Indução de resistência à antracnose em feijoeiro por Trichoderma harzianum e Bacillus subtilis
Resumo
O uso massivo de produtos químicos para controle de doenças em plantas causa inúmeros impactos negativos no sistema de produção agrícola, sobre organismos não alvo, consumidores, agricultores e o ambiente. Diante disso, a utilização de organismos de controle biológico, como Trichoderma harzianum e Bacillus subtilis, capazes de agir no controle de fitopatógenos e/ou induzir resistência em plantas, se caracteriza como uma ferramenta importante e com muito potencial ainda a ser explorado. O objetivo deste trabalho foi identificar metabólitos produzidos por estes organismos cultivados em meio líquido e testar a utilização destes filtrados de cultura, bem como dos organismos vivos, aplicados via semente ou foliar, no controle da antracnose em feijoeiro. Os organismos de controle biológico T. harzianum e B. subtilis foram cultivados em meio de cultura líquido por 96h e fotoperíodo de 12h. Após a incubação, os meios foram filtrados em membrana milipore para extração dos esporos e das células bacterianas. Os metabólitos foram extraídos com quatro solventes orgânicos, etanol, metanol, acetato de etila e hexano e submetidos à cromatografia gasosa e espectrofotometria de massa e gerados cromatogramas para cada organismo e solvente utilizado. A avaliação da indução de respostas de defesa em plantas foi realizada na cultivar Minuano, com reação de suscetibilidade ao patógeno Colletotrichum lindemuthianum. As plantas de feijão foram avaliadas quanto ao índice de doença, área abaixo da curva de progresso da doença e às alterações nas atividades de peroxidase, β-1,3-glucanase e AIA oxidase, assim como determinada a massa fresca e seca das plantas em dois momentos, antes e após a inoculação do patógeno desafiante. A identificação cromatográfica dos compostos presentes nos filtrados de cultura demonstrou que ambos os organismos testados produzem ácidos graxos e oxilipinas em meio líquido, com ação antifúngica e indutoras de respostas de defesa, respectivamente. Nas avaliações realizadas em plantas de feijão, tanto T. harzianum quanto B. subtilis, reduziram a severidade e o progresso da doença, assim como produziram acréscimos significativos nas atividades das isoenzimas peroxidase e β-1,3-glucanase após a inoculação do patógeno, indicando a ativação da resistência induzida. As respostas de indução não comprometeram o acúmulo de massa seca das plantas, o que demonstra não haver gasto energético capaz de comprometer o crescimento das plantas. As melhores respostas para T. harzianum são observadas nas aplicações foliares, seja de suspensão de esporos ou filtrado de cultura, já para B. subtilis, as melhores respostas são observadas na aplicação foliar do filtrado de cultura. Pela facilidade de produção, filtrados de cultura de Trichoderma harzianum e Bacillus subtilis podem originar bioprodutos para uso agrícola.