Indicadores epidemiológicos e imunofarmacológicos da associação entre complicações da covid-19 e câncer de mama
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Data
2024-06-21Primeiro coorientador
Azzolin, Verônica Farina
Primeiro membro da banca
Barbisan, Fernanda
Segundo membro da banca
Piccoli, Jaqueline da Costa Escobar
Terceiro membro da banca
Schimith, Maria Denise
Quarto membro da banca
Bauermann, Liliane de Freitas
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Introdução: Evidências epidemiológicas relacionadas a Pandemia da COVID-19 e o risco de
morbimortalidade em pacientes oncológicos afetados pela infecção do vírus SARS-CoV-2
poderia ser influenciado pelo tipo de câncer, no qual o câncer de mama (CM) estaria
associado a um menor risco complicações e morte pela COVID-19. Porém ainda é necessário
estabelecer se esta menor suscetibilidade a infecção seria um fenômeno limitado a
determinadas regiões do mundo, ou poderia ser universal. Uma possível hipótese para
explicar um risco menos elevado ao vírus SARS-CoV-2 em mulheres com CM poderia ser a
influência imunomoduladora de alguns quimioterápicos, que poderia inibir ou atenuar a
tempestade de citocinas desencadeada pela COVID-19. Este seria o caso do paclitaxel (PTX),
que é um fármaco utilizado como primeira-linha no tratamento do CM. Assim,o presente
estudo teve dois objetivos: o primeiro foi avaliar a associação entre diagnóstico de CM e
outros tipos de câncer com o risco de mortalidade em pacientes hospitalizados em decorrência
da infecção pela COVID-19. O segundo foi avaliar, em condições in vitro, se a resposta
inflamatória a exposição ao vírus atenuado SAR-CoV-2 poderia ser modulada pelo PTX. O
conjunto dos resultados do primeiro estudo foi publicado no periódico Contribuiciones a las
Ciencias Sociales (Qualis A4). A sua realização envolveua condução de uma análise
epidemiológica retrospectivacom informações oriundas de pacientes hospitalizadas por
Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) resultante da infecção por SARS-CoV-2 obtidas
do banco de dados nacional de formulários de notificação de doenças respiratórias agudas
inferiores (ARDL) entre 1º de janeiro a dezembro de 2021. Foram excluídas da análise dados
de mulheres grávidas e puérperas, sendo as1.048.575 pacientes restantes categorizadas em
três grupos: sem diagnóstico prévio de câncer (SC, n= 64.370), com diagnóstico prévio de
CM(n= 1.645) e com diagnóstico de outros tipos de câncer (OC, n=2.984). Os resultados
apontaram que a taxa média de letalidade(óbitos/mês) foi mais alta no grupo OC (58,30 ±
2,57%), intermediária no grupo CM (45,47 ± 3,06%) e mais baixa no grupo SC (40,1 ±
5,91%) (p < 0.001).O risco relativo (RR) de óbito em pacientes do grupo CM foi 1,461
(IC95% 1,227-1,740) em relação a pacientes SC. Em relação aos demais tipos de câncer, só
pacientes com câncer de pele não melanoma é que não apresentaram maior risco de
mortalidade em relação as pacientes do grupo SC. Por outro lado, todos os demais tipos de
câncer apresentaram um RR que variou de 1,906 a 3,048 em relação ao grupo SC. Portanto,
os resultados obtidos corroboraram sugestão prévia de que o CM poderia ter menor risco de
morbimortalidade por COVID-19 do que outros tipos de câncer. Os resultados do segundo
estudo foram organizados sob a forma de um manuscrito submetido ao
periódicoImmunopharmacology, (Qualis A2). Este estudo envolveu protocolo in vitro
utilizando a linhagem comercial de monócitos humanos THP-1. Inicialmente culturas de
THP-1 foram expostas ao vírus SARS-coV-2 inativado presente na vacina CoronaVac (CVac)
e a resposta imune foi comparada com culturas controle e culturas expostas ao PTA, (éster de
forbol 12-O-tetradecanoilforbol-13-acetato), um agente imunogênico não viral.Cinco
diferentes concentrações do quimioterápico PTX (10 a 300 µM) com e sem ativação induzida pela presença concomitante da CVac e PTA foram então testadas. O primeiro ensaio avaliou
se o PTA poderia ter efeito citotóxico através da análise de viabilidade determinada
pelométodo de captação de vermelho neutro (Neutral Red) baseado na capacidade das células
vivas de incorporar e reter o corante vermelho neutro nos lisossomos.Os resultados mostraram
que o PTA não apresentou efeito citotóxico, e ao contrário aumento a taxa de viabilidade
celular na concentração mais alta (300 µM). A potencial indução da proliferação celular foi
avaliada pelo ensaio do MTT que mede a atividade das enzimas desidrogenases,
principalmente a desidrogenase succínica, presente nas mitocôndrias das células
viáveis.Assim, na ativação inflamatória ocorre aumento na taxa de proliferação celular que
pode ser observado via aumento na atividade metabólica. Neste estudo, a exposição ao CVac
aumentou a atividade do MTT em relação as culturas controle, ainda que este efeito tenha
sido menor do que o desencadeado pela exposição ao PTA.Estes resultados sugeriram que
oPTX poderia ter algum nível de efeito atenuante da resposta inflamatória desencadeada pelo
SARS-CoV-2.Apesar das limitações metodológicas relacionadas com estudos
epidemiológicos do tipo ecológico, os resultados sugerem que o menor risco de mortalidade
em mulheres com CM hospitalizadas em decorrência da COVID-19 seria um fenômeno
universal.Com base nas evidências obtidas no segundo estudo, que também apresenta
limitações metológicas relacionadas a protocolos in vitro, é possivel inferir que o tratamento
com o PTX poderia contribuir, de algum modo, na diminuição do risco de mortaldiade por
COVID-19 em mulheres com CM. Entretanto, como o PTX também é utilizado no tratamento
de outros tipos de câncer, é possível que sua contribuição antinflamatória seja dependente da
interação com outros fatorespresentes em mulheres com e sem diagnóstico de CM.
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