Aspectos clínicos e anatomopatológicos do embolismo neoplásico em cães submetidos à necropsia em Santa Maria, RS
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Data
2023-12-07Primeiro membro da banca
Kommers, Glaucia Denise
Segundo membro da banca
Masuda, Eduardo Kenji
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Embolismo neoplásico (EN) é o fenômeno no qual células neoplásicas individuais e/ou agrupadas (êmbolos neoplásicos) circulam na corrente sanguínea do paciente. Essa síndrome é uma causa bem estabelecida de óbito em pacientes humanos oncológicos. Apesar do aumento da prevalência de neoplasias em cães nas últimas décadas, esse fenômeno é pouco estudado nessa e em outras espécies animais. O objetivo desse estudo é caracterizar os achados clínicos e anatomopatológicos da EN em cães submetidos à necropsia no Laboratório de Patologia Veterinária (LPV) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Para isso, foram revisados os laudos de necropsia de cães (2008-2022) no LPV. Casos em que o óbito ou razão para eutanásia estavam relacionados a neoplasias malignas foram separados, e desses, aqueles casos contendo descrição histológica de êmbolos neoplásicos intravasculares (sanguíneos) foram incluídos como casos de EN. Dados relacionados ao histórico clínico, tipo de neoplasma envolvido, achados macroscópicos e histológicos foram analisados. Os tecidos parafinizados foram submetidos a novos cortes para reavaliação histológica. EN foi identificado em 31 de 528 (5,9%) cães que tiveram a causa de óbito ou razão para eutanásia atribuída a um neoplasma maligno, sendo as neoplasias mamárias as mais frequentemente envolvidas (18 [58,1%]). Em seis cães (6/31 [19,4%]), o EN foi considerado o principal achado de necropsia. Em sete cães, o embolismo foi considerado grave mas não foi o principal achado de necropsia. Nos demais pacientes (19/31 [58%]), o EN foi considerado leve a moderado sendo considerado um achado secundário na necropsia. A evolução clínica dos seis cães em que o EN foi o principal achado de necropsia variou de minutos a 21 dias, e os principais sinais clínicos foram inapetência (4/6) e dispneia (3/6). O EN foi mais frequentemente observado nos pulmões (25/31), rins (9/31), adrenais (5/31) e encéfalo (5/31). Quanto aos achados macroscópicos, apenas em um cão foi observado um êmbolo neoplásico macroscópico. Os pulmões foram macroscopicamente descritos como armados (9/25), pesados (8/25) e com hemorragias (8/25). Hemorragias também foram vistas no miocárdio (4/5), rins (2/5), adrenais (2/5) e encéfalo (2/5). Histologicamente, as consequências mais comuns nos órgãos dos cães com EN foram hemorragia (18/31), trombose (11/31), edema (8/31), infartos (7/31) e proliferação da íntima com fibrose perivascular (4/31). Os achados desse estudo sugerem que o EN seja uma entidade subdiagnosticada na clínica veterinária. Espera-se que esse trabalho auxilie na disseminação de conhecimento acerca desse fenômeno, aumentando as chances de suspeita clínica e diagnóstico ante mortem.
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