Um palco para a mulher gaúcha: percepções sociais acerca da imagem da mulher na música nativista
Resumo
Este estudo tem seu foco voltado para a relação entabulada entre a mulher e a música, mais
precisamente, a música nativista no estado do Rio Grande do Sul. A pesquisa busca
compreender como ocorre o envolvimento da mulher nesse contexto, de que maneira desperta
seu interesse por este estilo musical, bem como analisar a forma que se dá seu acolhimento,
entrosamento e participação neste ambiente, que é tradicionalmente reconhecido pela maciça
participação masculina. Nesse contexto, buscou-se verificar as percepções sociais acerca da
imagem da mulher e, em um segundo plano, foram identificadas as experiências sociais e
normativas decorrentes da diferença de gênero existente no meio nativista. Para tanto, foi feita
ampla revisão bibliográfica, que foi dificultada em decorrência da escassa quantidade de
trabalhos sobre o tema. Tal dificuldade foi superada pelas entrevistas realizadas que
enriqueceram este trabalho, ilustrando-o com relatos, práticos e verdadeiros, sobre
participação das mulheres não apenas na música em si, mas dentro da realidade dos festivais.
O trabalho foi desenvolvido sob viés qualitativo, utilizando de entrevistas semiestruturadas
para coleta de dados e o método de Análise de Conteúdo, de Laurence Bardin (2011), para a
análise do material recolhido. Ao término do estudo percebe-se que a participação feminina
inicia de forma muito tímida, geralmente em tenra idade e na maioria das vezes, espelhada em
familiares do gênero masculino. Foi identificado que as meninas, após a puberdade, entrando
na idade adulta, deparam-se com dificuldades para se inserirem neste género musical e,
consequentemente, ficam à margem dos festivais. Verificou-se, também, a rara participação de
mulheres como instrumentistas e compositoras. De todo o apurado conclui-se que a
participação feminina ainda é escassa, com poucas mulheres sendo reconhecidas como
profissionais neste estilo musical, onde ainda predomina a participação masculina. Não é
comum que se questione esta realidade de forma direta, o que acaba por contribuir com a
exclusão velada das mulheres do meio musical nativista gaúcho.