Estudo multibanda do conteúdo estelar de regiões HII do Hemisfério Sul
Resumo
Apresentamos aqui um estudo multibanda do conteúdo estelar de onze regiões Hii do Hemisfério sul com 10 h < α(J2000) < −17 h e −65◦ < δ(J2000) < −35◦. Em 9 objetos ópticos, com valores de distância discrepantes ou sem nenhuma determinação anterior
publicada, visamos identificar as fontes ionizantes e determinar suas distâncias, enquanto que, no estudo de dois outros objetos no infravermelho, buscamos não apenas identificar as fontes ionizantes, mas também objetos estelares jovens (YSOs) em seus campos. Nos primeiros, realizamos espectroscopia no óptico e fotometria UBV de seus conteúdos estelares e determinamos as distâncias das estrelas massivas por meio da paralaxe espectroscópica. A fim de evitar o uso de um valor fixo para a razão entre a extinção total e a seletiva à banda V , RV , a extinção AV na direção de cada estrela foi determinada diretamente através no método das diferenças de cor. De um total de 31 estrelas espectroscopicamente estudas, 24 foram classificadas como tipos O ou B, sendo duas novas estrelas tipo
O encontradas em RCW98 e RCW99. As estimativas de AV implicaram um valor médio de hRV i = 3.44. Este resultado supera em 10% o valor médio encontrado para estrelas de campo sobre todas as direções da Galáxia. Para as regiões Hii NGC3503, NGC6334, RCW55, RCW87, RCW98 e RCW99, distâncias mais precisas foram estimadas como o valor mediano da paralaxe espectroscópica de 2 a 6 diferentes estrelas ionizantes, resultando em uma dispersão interna menor que 5%. Dentre os objetos mais obscurecidos pela extinção interestelar da região de Norma, analisamos o conte´udo estelar da região leste do
grande complexo de regiões Hii brilhantes em radiofrequências GAL331.5-00.1. A área estudada engloba os aglomerados infravermelhos [DBS2003] 156 e [DBS2003] 157, respectivamente
associados às regiões Hii GAL331.11-00.51 e GAL331.31-00.34. Observações fotométricas nas bandas J, H e Ks, com mais alta resolução que a fotometria 2MASS, foram realizadas nas direções desses objetos, o que possibilitou isolar as fontes infravermelhas
mais brilhantes de estrelas companheiras não resolvidas e selecionar potenciais estrelas ionizantes para subsequente espectroscopia. 47 fontes com excesso de emissão
intrínseca na banda Ks, típico em YSOs, foram identificadas seguindo os métodos usuais de análise da fotometria no IR próximo (NIR). Outros 70 YSOs foram identificados no IR
médio (Mid-IR) usando dados do survey GLIMPSE. A pesquisa por medidas de velocidade radial na direção desses dois objetos e a semelhança das populações estelares indicou que as duas sub-regiões estudas deveriam estar fisicamente associadas. Esta hipótese foi reafirmada com a determinação da paralaxe espectroscópica de 4 estrelas tipo O e outras 2 tipo B nos dois aglomerados, que retornaram valores de distâncias heliocêntricas
bastante compatíveis (hdhelioci = 3.30 ± 0.29 kpc). A contrapartida nos NIR e Mid-IR da fonte IRAS 16085-5138 foi encontrada junto ao aglomerado [DBS2003] 157. Esta fonte
apresentou cores típicas de uma região Hii Ultracompacta (UCHii) e índice espectral entre 2 e 25 μm de α = 3.6, típico de YSO imerso em um envelope protoestelar. Um limite inferior para a luminosidade bolométrica da protoestrela embebida foi estimado em L = 7.7×103L⊙ (M = 10M⊙), o que corresponde a uma estrela de idade zero na faixa de BO-B1. O aglomerado [DBS2003] 157 mostrou-se estar espalhado sobre toda uma região
de ∼4′ ×4′, demarcada por intensa emissão de poeira quente e espacialmente distribuída como uma nuvem em forma de concha.