Potencial prebiótico de diferentes concentrados de fibra alimentar na dieta de juvenis de jundiá (Rhamdia quelen)
Resumo
O uso tradicional de antibióticos na aquicultura como promotores de
crescimento tem sido limitado em função dos efeitos negativos promovidos por estes
medicamentos. Como alternativa ao uso destas drogas, tem se buscado a
manipulação da microbiota do trato gastrointestinal dos animais aquáticos através da
utilização de oligossacarídeos e de fibras alimentares com potencial prebiótico. Neste
sentido, este estudo teve como objetivo aplicar metodologias para obtenção de
diferentes Concentrados de Fibras Alimentares (CFAs) = Mucilagem (MG); Pectina
(PN) e β-Glicana+Mananas (βG+M) e avaliar o potencial prebiótico destes
suplementos na dieta de juvenis de jundiá (Rhamdia quelen). A determinação da
composição nutricional dos ingredientes revelou que os componentes predominantes
em todos os CFAs obtidos foram fibra alimentar total e fibra insolúvel. O CFA que
apresentou maior rentabilidade de extração foi a βG+M (19,81%±8,54), seguida da
Pectina (14,54%±2,72) e Mucilagem (7,18%±1,54). A composição da Mucilagem e
Pectina obtiveram maior diversidade de monossacarídeos, já a βG+M consistiu
basicamente de manose (74,5%) e glicose (24,3%). A suplementação dos CFAs na
dieta de jundiás foi avaliada durante oito semanas, através de estudo de crescimento,
deposição corporal de nutrientes, enzimas digestivas, parâmetros bioquímicos e
metabólicos, resposta ao estresse e imunológica e morfometria intestinal. Os jundiás
suplementados com os CFAs obtiveram crescimento superior em relação ao grupo
controle e similar aos animais suplementados com 5 g kg-1 de prebiótico comercial
(PC 5). A maioria dos parâmetros somáticos e de composição centesimal de peixe
inteiro foram influenciados pela suplementação dos CFAs. A suplementação de
Pectina promoveu menor atividade das enzimas digestivas em relação ao grupo
controle. Os animais suplementados com os CFAs obtiveram alterações positivas nos
parâmetros bioquímicos avaliados. Além disso, os jundiás não mostraram resposta à
aplicação do agente estressor, mantendo os níveis de cortisol basal. Os peixes
suplementados com os CFAs obtiveram maiores estoques de glicogênio hepático em
relação ao grupo controle. Além do mais, a suplementação com os CFAs promoveu
aumento na altura de vilos intestinais dos jundiás. Porém, estes valores foram
menores em relação aos animais do grupo PC 5. Para espessura do epitélio (EE) esta
variável foi maior no grupo Controle comparado aos animais suplementados com β-
glicana + Manana.