Avaliação do estresse oxidativo e da atividade da enzima d-aminolevulinato desidratase em pacientes transplantados de medula óssea
Resumo
O transplante de medula óssea (TMO) vem sendo usado no tratamento de várias doenças.
Antes do TMO, os pacientes são submetidos a um regime de condicionamento (RC), que consiste na
administração de altas doses de quimioterapia ou radioquimioterapia. Este RC tem a finalidade de
erradicar a doença residual do paciente e induzir uma imunossupressão que permita a pega das
células infundidas no TMO. A ação das drogas citostáticas, da radioterapia e do próprio procedimento
TMO está associada à produção de grandes quantidades de espécies reativas de oxigênio (EROs), que
com uma defesa antioxidante inadequada pode resultar em estresse oxidativo, que por sua vez, tem
sido implicado na etiologia de várias doenças e complicações pós-TMO. Os objetivos deste estudo
foram avaliar o estatus oxidativo e também analisar a atividade da enzima d-aminolevulinato
desidratase (d-ALA-D) como possível marcador de estresse oxidativo em pacientes transplantados de
medula óssea, alogênico ou autólogo, comparando essas duas modalidades de TMO. Comparar
diferentes RCs, visando determinar qual deles poderia ser menos tóxico para os pacientes
transplantados de medula do tipo alogênico ou autólogo, em termos de estresse oxidativo. E também
analisar a atividade da enzima d-ALA-D nos diferentes RCs. Para atingir tais objetivos, alguns
indicadores de estresse oxidativo como, espécies reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), vitamina
C, catalase, superóxido dismutase, grupos tióis protéicos (P-SH), e não protéicos (NP-SH) e a enzima
d-ALA-D, foram avaliados em pacientes submetidos à TMO no Hospital Universitário de Santa Maria,
no período de Março de 2007 à Março de 2008. Os resultados obtidos revelaram que os pacientes
apresentaram sinais de estresse oxidativo antes do TMO, durante o RC e até 20 dias após o TMO.
Ocorreu uma diminuição nas defesas antioxidantes e na atividade da enzima d-ALA-D e um aumento
na peroxidação lipídica no sangue dos pacientes alogênicos e autólogos. Com relação aos RCs, nos
pacientes alogênicos e também nos autólogos, ocorreu uma diminuição nos antioxidantes enzimáticos
e não enzimáticos e na atividade da enzima d-ALA-D em todos os RCs analisados
(fludarabine+ciclofosfamida FluCy, bussulfan+ciclofosfamida BuCy e ciclofosfamida+irradiação
corporal CyTBI, para pacientes alogênicos e ciclofosfamida+BCNU+etoposide CBV e melfalan,
para pacientes autólogos), ocorreu também um aumento na peroxidação lipídica no sangue com todos
os RCs, porém mais pronunciadamente com o uso de CyTBI nos pacientes alogênicos e melfalan nos
autólogos. Concluindo, esse estudo demonstrou estresse oxidativo nos pacientes com TMO alogênico
e autólogo. Todos os RCs analisados promoveram estresse oxidativo, porém este foi mais evidente
com o uso de CyTBI (pacientes alogênicos) e melfalan (pacientes autólogos) e ainda a avaliação da
atividade da enzima d-ALA-D, parece ser um biomarcador de estresse oxidativo em pacientes TMO,
já que além de encontrar-se diminuída nestes pacientes, esta ainda mostrou uma correlação negativa
com os níveis de TBARS e positiva com os antioxidantes.