Avaliação dos efeitos promovidos pelo chumbo, selênio e/ou sacarose em parâmetros oxidativos em roedores
Resumo
O chumbo apresenta um risco ocupacional e ambiental, e sabe-se que
pode ser tóxico para diversas espécies de animais. Diversos estudos
experimentais confirmam a teoria de dano oxidativo na toxicidade promovida
pelo chumbo. Dados da literatura tem mostrado que dietas ricas em sacarose
podem incrementar o estresse oxidativo. Estresse oxidativo está relacionado
com diversas patologias, desde inibições enzimáticas até distúrbios
comportamentais. Compostos orgânicos de selênio, ebselen e disseleneto de
difenila tem uma descrita atividade antioxidante, semelhante à atividade tiolperoxidase.
Em um protocolo de intoxicação sub- crônica (ARTIGO 1),
determinou-se se estes compostos seriam efetivos para reverter a toxicidade
promovida pelo chumbo em camundongos. Injeções de acetato de chumbo,
com subseqüentes injeções de ebselen reduziram apenas os níveis hepáticos de
grupos tiólicos não protéicos (NPSH). O tratamento com ebselen também
reduziu os níveis de TBARS no rim. Enquanto o chumbo inibiu a atividade da
δ-ALA-D em todos os tecidos, o ebselen reverteu a inibição enzimática no
cérebro. Também foi observado que o metal ou os organocompostos de
selênio não modificaram a captação de glutamato, enquanto o ebselen
promoveu um aumento neste parâmetro. Os resultados deste estudo indicam
que a inibição da atividade da δ-ALA-D antecede a produção de espécies
reativas de oxigênio em um protocolo sub- crônico de intoxicação em
camundongos. Em outro estudo (MANUSCRITO 2), ratas foram tratadas por
12 meses com acetato de chumbo e/ou dieta rica em sacarose, para avaliar se a
exposição simultânea a estes agentes poderia produzir o aparecimento de
discinesia orofacia, ou modificar o comportamento locomotor. Os ratos
demonstraram um incremento na discinesia orofacial, enquanto a ingestão de
sacarose não esteve associada à este parâmetro. A associação entre chumbo e
iv
sacarose causou uma diminuição na discinesia orofacial, o que pode estar
relcionado a uma adaptação após uma prolongada exposição a agentes próoxidantes.
No MANUSCRITO 3, foi conduzido um estudo por 24 meses com
uma dieta rica em sacarose e exposição ao chumbo, onde foram observados
uma especificidade dos efeitos nos tecidos. Outro resultado obtido neste
estudo foi um aumento na atividade da δ-ALA-D de baço, o que é um
resultado contraditório, uma vez que esta enzima é um clássico marcador de
toxicidade por chumbo. Estes resultados podem indicar que a enzima δ-ALAD
é um indicador de toxicidade aguda ou sub- crônica, e que pode ocorrer
alguma adaptação à toxicidade promovida pela sacarose e/ou pelo chumbo
após exposição prolongada a estas substâncias.