Alterações fenotípicas de duas espécies de Eragrostis wolf. (Poaceae) sob diferentes condições de umidade do solo
Resumo
As espécies Eragrostis pilosa e Eragrostis plana tem sido encontradas em ambientes de terras
baixas promovendo interferência por competição com a cultura do arroz (Oryza sativa).
Eragrostis são plantas exóticas ao ambiente várzea e, normalmente, se desenvolvem em solos
profundos e bem drenados como as terras altas. A caracterização das espécies e o estudo da
sua biologia em diferentes ambientes é necessário para entender o processo de adaptação
destas espécies nestes ambientes mal drenados como forma de desenvolver um manejo
eficiente destas. Neste sentido o presente trabalho tem por objetivo avaliar o comportamento
do crescimento e desenvolvimento destas plantas quando submetidas a três condições de
umidade do solo, uma simulando ambiente natural dessas plantas com umidade reduzida de
50% da capacidade de retenção de água do solo (CRA) e outros dois tratamentos simulando
ambiente de terras baixas com maior umidade do solo, um com 100% da CRA, simulando
ambientes mal drenados de várzea, e outro com lâmina de água de 10 cm simulando a lavoura
de arroz irrigado. Foram analisadas as alterações morfológicas-anatomicas dos acessos através
com medições de parâmetros morfológicos, alterações anatômicas com a quantificação da
formação de mecanismos adaptativos ao meio hipóxico, ainda foram quantificados os
pigmentos fotossintéticos e realizada a avaliação da capacidade de transporte de elétrons pela
cadeia transportadora da fotossíntese. O estudo foi desenvolvido no ano de 2014/2015 em
ambiente controlado de casa de vegetação, utilizando-se sementes de acessos de Eragrostis
pilosa e Eragrostis plana oriundos de áreas de produção de arroz de Itaqui/RS. Os resultados
permitem concluir que cada espécie apresentou respostas diferentes para os tratamentos os
quais foram submetidas. Para E. plana houve a redução no perfilhamento, menor formação de
panículas e redução do volume da parte aérea das plantas quando submetidas a lâmina de
água. Já para as plantas de E. pilosa, as respostas ao tratamento de lâmina de água foram
evidenciadas com a redução do perfilhamento, com consequente redução na formação de
panículas por planta, alterações no desenvolvimento da folha bandeira, na redução de massa
seca de raiz e parte aérea e no aumento do ciclo vegetativo das plantas. As duas espécies
estudadas apresentaram formação de aerênquimas nas raízes e colmos e raízes adventícias na
superfície do solo quando submetidas aos tratamentos de 100% da CRA e lâmina de água,
como resposta ao estresse hipóxico. Para os parâmetros de clorofila, as respostas foram
semelhantes para as duas espécies, com a redução da quantidade de clorofila a e clorofila
total, refletindo na baixa capacidade de transporte de elétrons. A lâmina de água interferiu
negativamente o desenvolvimento das plantas avaliadas, o que infere que o manejo da água da
lavoura de arroz cumpre importante papel no manejo das plantas invasoras.