Utilização de Trichoderma spp. no controle de Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary e no crescimento de alface
Resumo
O fungo Sclerotinia sclerotiorum é responsável por perdas significativas na produção de alface. Por se tratar de um fungo de solo, seu manejo é dificultado, sendo uma alternativa, o uso do controle biológico utilizando espécies do gênero Trichoderma. Dentre os muitos fatores que podem interferir no desempenho desse antagonista, a origem dos isolados e o armazenamento são ainda pouco estudados. Pouco se sabe também a respeito de como isolados de Trichoderma spp. obtidos de áreas com e sem histórico da doença mofo-branco e isolados armazenados podem afetar o controle de doenças e o crescimento em alface. Dessa forma, os objetivos deste trabalho foram quantificar populações de espécies do gênero Trichoderma em solo adjacente às raízes de alface, em áreas comerciais com e sem histórico de mofo-branco, avaliar a velocidade de crescimento e antagonismo in vitro dos isolados de Trichoderma spp. e S. sclerotiorum, examinar o antagonismo in vivo de S. sclerotiorum utilizando isolados de Trichoderma spp. nativos obtidos em áreas comerciais com e sem histórico de mofo-branco e isolados armazenados, em plântulas e plantas de alface, além de identificar em nível de espécie os isolados de Trichoderma spp. utilizados. Os ensaios foram realizados no laboratório de fitopatologia da UFSM e em casa de vegetação na cidade de Santa Maria, RS, Brasil. Os parâmetros avaliados foram crescimento micelial dos isolados, esporulação de Trichoderma spp. e confrontação direta com o patógeno in vitro. Já in vivo foram avaliados germinação, % de plantas sobreviventes, severidade da doença, número de folhas, crescimento de parte aérea e do sistema radicular, matéria seca da parte aérea e do sistema radicular e matéria seca total no cultivo de alface. Os resultados indicam que a população de Trichoderma spp. é diferente entre as áreas amostradas com e sem histórico de mofo-branco e que os isolados de Trichoderma spp. oriundos de áreas com histórico da doença, tiveram maior velocidade de crescimento micelial quando comparado aos isolados obtidos de áreas sem histórico e aos armazenados. Resultados in vitro apontam que a maior esporulação, medida em esporos.mL-1, foi apresentada por UFSMT15.1, UFSMT17 e CP22, e, que os isolados armazenados apresentaram melhores respostas na confrontação direta contra S. sclerotiorum. Para a produção em larga escala, os isolados CP12, CP21, SP13 e SP24 apresentaram-se como boas alternativas. O fornecimento de Trichoderma spp. promoveu plântulas de alface de boa qualidade e controle eficiente do patógeno, sendo os isolados CP21 e SP24 capazes de reduzir a severidade dos danos causados por S. sclerotiorum em plantas de alface. Atuaram influenciando positivamente o crescimento em plantas de alface os isolados UFSMT15.1, TC1.15, ETSR20 e SP13 na ausência, enquanto UFSMT15.1, CP22 e SP13 apresentaram bons resultados na presença do patógeno. No entanto, os isolados de Trichoderma spp. nativos obtiveram maiores populações no substrato cultivado com plantas de alface, do que os isolados armazenados.