Armazenamento de maçã 'granny smith' em atmosfera controlada dinâmica monitorada pelo quociente respiratório
Resumo
A forma mais utilizada para o armazenamento de maçãs é a atmosfera controlada (AC), em que é reduzido o nível de O2, mas este fica muito acima do limite mínimo tolerado pelo fruto. O uso de tecnologias que permitem o monitoramento dos níveis de oxigênio no mínimo tolerado pelos frutos pode auxiliar a manutenção da qualidade e reduzir a incidência de distúrbios fisiológicos e podridões. A atmosfera controlada dinâmica (ACD) é uma destas tecnologias de controle e variação do O2 ao longo de todo o período de armazenamento de acordo com o metabolismo dos frutos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do armazenamento em atmosfera controlada dinâmica monitorada pelos métodos do quociente respiratório (QR) e da fluorescência de clorofila (FC), bem como a sua interação com a aplicação de 1-metilciclopropeno (1-MCP) sobre a manutenção da qualidade e redução de distúrbios fisiológicos, especialmente a escaldadura superficial na maçã Granny Smith . As condições de armazenamento avaliadas foram: a) AC convencional com 1,0 kPa O2 mais 1,5 kPa CO2; b) ACD com quociente respiratório (QR) 1,3; c) ACD-QR 1,5; d) ACD-QR 1,7; e) ACD monitorada pela fluorescência de clorofila (ACD-FC) (HarvestWatchTM DCA). A pressão parcial de CO2 foi mantida em 1,2 kPa em todos os tratamentos e a temperatura em 1,5 °C. Após nove meses de armazenamento, no momento da saída dos frutos da câmara, foram realizadas avaliações quanto à incidência e severidade de escaldadura superficial, incidência de podridões e frutos sadios. As demais avaliações foram realizadas após um período de sete dias em que os frutos permaneceram expostos à temperatura de 20 °C com o objetivo de simular o período de prateleira. Frutos armazenados sob ACD apresentaram menor produção de etileno e respiração que frutos armazenados em AC convencional, como resultado da menor atividade da enzima ACC oxidase nas maçãs armazenadas em ACD-QR 1,5 e 1,7. O armazenamento de maçãs em ACD-QR 1,5 ou 1,7 favoreceu uma menor incidência de escaldadura superficial. Nestas condições a aplicação de 1-MCP não teve nenhum benefício na redução desse distúrbio, sugerindo que sua aplicação pode ser dispensada, porém é necessária quando os frutos são armazenados em AC convencional e ACD-FC. Nos frutos armazenados em ACD com QR 1,7 ocorreu maior produção de voláteis associados ao metabolismo fermentativo, contudo, não houve prejuízo à qualidade dos frutos. Maçãs armazenadas em ACD-QR 1,7 mantiveram coloração mais verde que frutos armazenados em AC convencional devido à maior concentração de clorofilas totais. A firmeza dos frutos armazenados em ACD-QR foi maior que frutos em AC, independentemente da aplicação de 1-MCP. Sob ACD-FC a aplicação de 1-MCP demonstrou não ser benéfica para a manutenção da qualidade das maçãs Granny Smith , uma vez que forneceu a maior ocorrência de podridões. O uso de ACD proporcionou um maior número de frutos sadios quando comparado a AC convencional.