Dinâmica do enxofre no sistema solo e resposta das culturas à adubação sulfatada
Resumo
A conversão de pastagens nativas à produção de grãos em solos com baixos teores de argila e de matéria orgânica e/ou a não reposição do enxofre exportado pelas colheitas pode levar à diminuição da disponibilidade desse nutriente às plantas, caso o aporte atmosférico seja baixo. Para os solos do Rio Grande do Sul, poucas são as informações sobre a contribuição atmosférica para o sistema solo e são raros os experimentos com esse nutriente. Este trabalho pretende quantificar o aporte de S via água da chuva e de irrigação, o S exportado pelas plantas, as flutuações do teor de sulfato disponível no solo e da solução do solo, bem como os rendimentos obtidos pelas culturas. Para tal, foram realizados dois experimentos no Departamento de Solos da Universidade Federal de Santa Maria. O primeiro, foi instalado à campo em 2002, sobre um Argissolo Vermelho distrófico arênico sob sistema plantio direto, em delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro repetições. Os tratamentos usados foram quatro doses de sulfato (0, 15, 30 e 60 kg S ha-1), aplicados na parcela, e duas rotações de culturas, na subparcelas. Nas parcelas foram instalados lisímetros de sucção a 20 e 60 cm de profundidade, para extração da solução do solo. O aporte de S atmosférico foi quantificado usando coletores de água da chuva e de irrigação. Foram avaliados o rendimento das culturas, a quantidade de enxofre exportado e os teores de sulfato da solução e adsorvido aos colóides. O segundo, em casa de vegetação, consistiu-se de uma sucessão de cultivos em vasos (sorgo, feijoeiro, milho, soja, milho e centeio) com quatro tipos de solos e quatro doses residuais de sulfato (0, 202, 403 e 807 g SO4-2 vaso-1) em delineamento experimental inteiramente casualizado com quatro repetições. Após cada três cultivos, coletaram-se amostras de solo das camadas 0-10 e 10-20 cm do solo dos vasos para as análises de sulfato disponível. A maioria dos resultados não mostrou respostas das culturas à adubação sulfatada, mesmo com os teores de SO4 -2 disponível no solo abaixo do nível de suficiência. A ausência de resposta ao S, encontrada em todas as culturas testadas pelo primeiro experimento pode estar relacionada com a deposição de S atmosférico pela água da chuva, cujo valor determinado foi de 3,2 kg ha-1 ano-1. Um cultivo de milho realizado em casa de vegetação foi o único a apresentar incrementos em massa seca em função da adição de S.