Matéria orgânica de um argissolo vermelho distrófico úmbrico após a introdução de fitofisionomias antrópicas
Resumo
No estado do Rio Grande do Sul a expansão da silvicultura tem atuado como um dos
principais agentes de alteração da paisagem, ocupando terras anteriormente destinadas à
pecuária extensiva e à agricultura com baixa tecnificação, em áreas sob a influência do
bioma Pampa e na transição desse bioma para o de Mata Atlântica. Existe uma crença
generalizada acerca dos impactos negativos ocasionados pelas plantações florestais
sobre os recursos naturais. Assim, faz-se necessária a avaliação dos impactos causados
pela introdução dos plantios florestais sobre os componentes da paisagem,
principalmente sobre o solo e sua matéria orgânica. Neste estudo foi realizada a
caracterização dos componentes da paisagem relevo, cobertura vegetal e suas relações
com os solos, além da variação temporal da relação solo-paisagem numa Estação
Experimental de Silvicultura, localizada na região central do Rio Grande do Sul. Foram
verificadas também, as alterações nos teores e estoques de nitrogênio (N e SN) e de
carbono orgânico (CO e SCO) em perfis de Argissolo Vermelho distrófico úmbrico e as
frações lábeis e estáveis da matéria orgânica do horizonte superficial desse solo sob a
Floresta nativa em estágio médio de regeneração e campo antrópico com mais de 35
anos, floresta mista do gênero Eucalyptus e de Eucalyptus robusta com 35 anos, floresta
de Eucalyptus grandis com 4 e 21 anos , floresta de Acacia Mearnsii com 7 anos,
floresta de Eucalyptus saligna com 6 anos e floresta mista do gênero Pinus com 10
anos. Os resultados indicaram que há um caráter transitório nos componentes da
paisagem, entre o Rebordo do Planalto Sul-Riograndense e a Depressão Central do Rio
Grande do Sul, como também, existe uma descaracterização das fitofisionomias naturais
e a existência de conflitos de uso do solo. Constatou-se também, que o relevo e a gênese
dos solos foram condicionantes para o desenvolvimento fitofisionômico e que em 22
anos houve expansão dos cultivos de Eucalyptus e Pinus, e da floresta nativa sobre o
campo antrópico, principalmente nas terras com Argissolos Bruno-Acinzentados e
Argissolos Vermelhos. Quanto à matéria orgânica do Argissolo Vermelho distrófico
úmbrico, os resultados sugerem que os teores e estoques de nitrogênio e carbono
orgânico do seu horizonte superficial, apresentam alterações frente à introdução de
florestamentos e do campo antrópico sobre áreas de Floresta Estacional Decidual,
havendo decréscimo principalmente em terras ocupadas pela floresta de Acacia
Mearnsii e campo antrópico. Já em relação aos estoques de nitrogênio e carbono
orgânico no perfil do solo, houve maior influência dos demais fatores e processos de
formação do solo do que a ocupação das terras nas últimas quatro décadas. Foram
constatadas também alterações na distribuição do carbono orgânico particulado (POC
g.kg-1) no horizonte superficial do solo, sendo esta fração da matéria orgânica um
indicador sensível às alterações no uso e ocupação do solo.