Elaboração de produto cárneo probiótico a partir de microrganismos isolados de leites fermentados
Resumo
Este trabalho teve como objetivo isolar e caracterizar cepas probióticas de leites fermentados
comerciais e multiplica-lás em meio de cultura à base de plasma suíno para inoculação em
salames tipo Italiano, juntamente com a cultura starter Staphylococcus xylosus isolada de
salames artesanais. A contagem das colônias dos leites fermentados foi em meio MRS (De Man
Rogosa Sharpe Agar, Oxoid) pela técnica de semeadura em profundidade. As cepas foram
isoladas através da técnica spread-plate em meio seletivo, MRS. Cepas individuais foram
confirmadas por coloração de Gram e prova da catalase, e identificadas pelos kits Api 20 A e 50
CHL (Bio Merieux SA, Marcy L Etoile, France). Após, foram realizados os testes de resistência
ao cloreto de sódio adicionado ao ágar MRS, nas concentrações de 1%, 1,5%, 2 %, 2,5% e 3%
e resistência ao nitrito e nitrato, que foram realizados pelo mesmo procedimento, nas
concentrações de 80, 100, 120, 150 e 200 ppm. Realizou-se também os testes de resistência a
bile 0,3% e a acidez, em pH: 3,0, 2,5 e 2,0 de HCl 3M durante 3 e 6 horas. No segundo
experimento, a cepa de Lactococcus lactis ssp lactis 2 isolada foi multiplicada em fermentador
para uso como starter nos salames. As cepas probióticas foram multiplicadas em placas com
meio de plasma suíno acrescido de ágar e o starter isolado de Staphylococcus xylosus em
placas de BAIRD-PARKER. Nos tratamentos foram usados como starters o S. xylosus e
Lactococcus lactis, e como cepas probióticas: Lactobacillus paracasei ssp paracasei 1 e
Bifidobacterium spp 2. O tratamento Controle foi adicionado de starters comerciais; o
Tratamento 1: com starters isolados; Tratamento 2: com starters isolados mais adição da cepa
probiótica Lactobacillus paracasei ssp paracasei 1 e Tratamento 3: starters isolados mais cepa
probiótica Bifidobacterium spp 2. Foram avaliados os aspectos microbiológicos, físico-químicos
e sensoriais. As amostras de leites fermentados analisadas apresentaram contagens superiores
a 107 UFC.g-1 e as cepas encontradas foram: Actinomyces israelli, Actinomyces naeslundii,
Lactobacillus acidophylus/jensenii, Bifidobacterium spp 2, Lactococcus lactis ssp lactis 2 e
Lactobacillus paracasei ssp paracasei 1. As cepas Bifidobacterium spp 2 e Lactobacillus
paracasei ssp paracasei 1 foram resistentes a todas as concentrações de cloreto de sódio,
nitrito e nitrato, e ao pH de 3,0 durante 3 horas e 6 horas. O L. paracasei ssp paracasei 1
apresentou contagens inferiores a 106 UFC.mL-1 em pH 2,0, com 5,63 Log UFC.mL-1 em 3
horas de incubação e 3,79 Log UFC.mL-1 em 6 horas. A cepa de Bifidobacterium spp 2 perdeu
sua viabilidade probiótica após a exposição de 6 horas nos pH de 2,0 e 2,5, apresentando
redução de 9,4 Log UFC.mL-1 para 3,67 e 4,18 Log UFC.mL-1, respectivamente. As cepas
analisadas apresentaram resistência aos sais biliares, permanecendo em estado viável após 4 horas de exposição à 0,3% de sais biliares. A multiplicação em meio de cultura com plasma suíno alcançou níveis de 5,52 Log UFC.mL-1 a 8,58 Log UFC.mL-1 e densidade óptica de 0,14 a
0,882, em 27 horas de fermentação. Os parâmetros físico-químicos finais estavam todos de
acordo com os padrões de pH e atividade de água, conforme as normas de segurança do
produto. Com relação às características sensoriais, as cepas isoladas apresentaram notas
estatisticamente iguais e/ou superiores às comerciais e os salames probióticos apresentaram
células em estado viável durante 30 dias de armazenamento.