Alterações hemodinâmicas maternas e a sua repercussão na homeostase fetal em gestantes hígidas submetidas a esforço físico aeróbico
Resumo
Introdução: Atividade física e reprodução fazem parte do contexto de vida de uma mulher saudável e uma combinação de exercícios regulares durante a gestação parece trazer benefícios para a mãe e o feto de diversas maneiras. Um argumento de saúde pública é que mulheres que iniciam exercícios na gravidez tendem a continuar a prática no pós-parto. Justificativa: Necessidade de pesquisa para que a comunidade médica especializada possa ter segurança para a orientação quanto ao exercício na gravidez. Objetivos: Avaliar as alterações hemodinâmicas maternas em gestantes de baixo risco submetidas a esforço físico aeróbico bem como suas repercussões na vitalidade fetal. Materiais e métodos: os testes foram realizados no Laboratório de Fisiologia do Exercício e Performance Humana, no CEFD/UFSM. O estudo de delineamento quasi-experimental foi formado por gestantes obtidas por amostra de conveniência, de baixo risco com IG entre 26 e 34 semanas, voluntárias. O TCLE foi aplicado a todas as participantes. Na chegada ao laboratório, os sujeitos de pesquisa foram colocadas em posição de semi-Fowler e decúbito lateral esquerdo, obtida CTG de repouso por um período de 20 minutos, aferida a PA e FC materna. A US foi então realizada e após a obtenção dos dados de repouso - momento I (PBF, índices do Doppler da artéria umbilical, cerebral média, das artérias uterinas e do ducto venoso), a participante realizou a sessão de esforço. Todas as gestantes foram submetidas a um teste ergométrico progressivo até a fadiga voluntária de acordo com protocolo de Balke e Ware modificado. Imediatamente após o teste de exercício, voltam a posição semi-Fowler em decúbito lateral esquerdo quando se submeterão novamente aos exames biofísicos e de dopplermetria (momento II). A IG no parto, a via de parto, peso ao nascer, índices de Apgar foram obtidos dos registros de nascimento. Para a distribuição das variáveis independentes utilizou-se a análise descritiva. Utilizou-se o teste t de Student pareado para avaliar os valores da dopplervelocimetria, após transformação logarítmica dos dados que não seguiram a normal. Um nível de significância de 5% foi considerado como satisfatório, e o armazenamento dos dados e análise no pacote estatístico SPSS versão 21.0. Resultados: Foram realizadas 28 coletas, apresentando idade média materna de 26±6,97 anos e IG média no momento de coleta de dados de 30,51±3,36 semanas e no parto 39,01(±0,95) semanas. Não houve alteração na CTG, PBF, índices Doppler da ACM, artéria uterinas e do ducto venoso após o teste de esforço. Identificada alteração no IR (p=0,02) e no IP (p=0,01) da artéria umbilical pós-exercício. Não houve crescimento linear dos parâmetros hemodinâmicos maternos em relação aos pontos da Escala de Borg. Conclusões: identificou-se que apesar de teste de esforço em esteira, o feto saudável desenvolve mecanismos compensatórios capazes de manter a homeostase, em gestantes hígidas e previamente sedentárias. Assim, o exercício monitorado não trouxe repercussões negativas para a gestação, corroborando a segurança da atividade durante o período gravídico e que os resultados podem ser extrapolados à populações semelhantes.