Avaliação da citotoxicidade e atividade antiviral da própolis frente ao calicívirus felino (FCV), adenovírus canino 2 (CAV-2) e vírus da diarréia viral bovina (BVDV)
Resumo
Os vírus são os agentes etiológicos de um grande número de enfermidades em seres humanos e animais, no entanto, há um pequeno número de fármacos antivirais disponíveis para o uso que é feito quase exclusivamente na medicina humana. Estudos demonstram que a própolis apresenta variada atividade biológica frente a vírus, bactérias e fungos. Sua composição química é bastante diversa, podendo variar conforme a época, vegetação e área de coleta. A atividade antiviral de extratos aquosos e etanólicos de própolis já foi descrita para alguns vírus humanos. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a atividade antiviral do extrato de própolis frente a dois vírus causadores de doença respiratória em pequenos animais, o calicivírus felino (FCV) e o adenovírus canino tipo 2 (CAV-2), e também ao vírus da diarréia viral bovina (BVDV). Foram testadas neste experimento duas amostras de extrato etanólico de própolis, uma delas obtida comercialmente e a outra extraída no laboratório. Para realizar este estudo utilizou-se o método colorimétrico do MTT (3-(4,5 dimetiltiazol-2yl)-2-5-difenil-2H tetrazolato de bromo), através do qual determinou-se a concentração citotóxica a 50% (CC50), concentração inibitória a 50% (IC50) e o índice terapêutico (IT=IC50/CC50). Os extratos de própolis foram adicionados ao cultivo celular em diferentes momentos da infecção viral. Estes foram incluídos antes da inoculação viral, depois da inoculação viral, e antes e depois da inoculação viral. As duas amostras de própolis apresentaram similaridades na análise qualitativa e pequenas diferenças na análise quantitativa. A CC50 destes extratos variou de 251 a 343μg/ml sendo que o extrato comercial apresentou-se ligeiramente menos tóxico. Ambos os extratos demonstraram melhor atividade antiviral quando adicionados anteriormente à inoculação viral apresentando ITs que variaram de 6 a 13. Os melhores resultados foram obtidos com o própolis extraído no laboratório. O BVDV foi o vírus que demonstrou maior sensibilidade ao extrato etanólico de própolis nas condições experimentais aplicadas. Levando-se em consideração os resultados obtidos, pode-se concluir que o extrato etanólico de própolis apresenta potencial para futura utilização como fármaco no tratamento de doenças respiratórias causadas pelo CAV2 e que o mecanismo de ação sobre o BVDV deve ser avaliado com maiores detalhes com vistas ao vírus da hepatite C (HCV).