Metabólitos secundários, composição química e atividade antioxidante do óleo essencial e das folhas de Vitex megapotamica (Sprengel) Moldenke
Resumo
A família Verbenaceae consiste de aproximadamente 2600 espécies, sendo que o gênero Vitex apresenta 250 espécies. Vitex megapotamica distribui-se no nordeste da Argentina, no leste do Paraguai, no Uruguai e comumente encontrada no sul do Brasil. O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo fitoquímico, a constituição química e a atividade antioxidante do óleo essencial e dos extratos das folhas de V. megapotamica. As folhas da planta foram coletadas no município de Santa Maria, RS, Brasil, em dezembro de 2010. O material está depositado no herbário do Departamento de Biologia da UFSM catalogado sob o número de registro SMBD 13.071. O material macerado com etanol (70%) e filtrado, após uma parte do extrato etanólico foi reservada e a outra evaporada em evaporador rotatório para remoção do etanol (extrato aquoso). Este foi particionado em ampolas de separação, utilizando solventes de polaridade crescente: diclorometano, acetato de etila e butanol, sendo que o extrato bruto foi obtido pela secura do extrato aquoso. O estudo fitoquímico revelou a presença de heterosídeos antociânicos, fenóis, taninos, catequinas, flavonóis, flavanonas, flavanonóis, xantonas, esteroides, triterpenoides, heterosídeos cardioativos, fenóis com posição orto e meta livres, cumarinas, e ácidos orgânicos. O extrato bruto e as frações foram investigados quanto à capacidade antioxidante através do método do DPPH, TBARS e carbonilação de proteínas, o teor de compostos fenólicos (flavonoides, polifenóis e taninos) foi determinado, e foi realizada a identificação e quantificação de ácidos fenólicos por CLAE. Os teores de compostos fenólicos foram maiores na fração acetato de etila, sendo de 522,4 ± 1,12 mg/g para polifenóis e 220,48 ± 0,30 mg/g para flavonoides, esta fração foi a única que apresentou taninos condensados, embora em pequena quantidade. Os ensaios com DPPH revelaram alta capacidade seqüestradora de radicais livres, apresentando IC50 que variaram de 14,17 ± 0,76 μg/ml a 37,63 ± 0,98 μg/ml. As frações e o extrato bruto inibiram a produção de TBARS, com IC50 que variou de 16,36 ± 5,09 μg/ml a 72,72 ± 7,22 μg/ml, sendo que a fração acetato de etila foi a que apresentou o melhor resultado. Os extratos foram eficazes na inibição da carbonilação de proteinas em concentrações de 50, 100 e 200 mg/ml, por possuírem maior quantidade de compostos fenólicos. A análise por CLAE revelou a presença de ácido clorogênico e rosmarínico, sendo o segundo encontrado em maior quantidade. Através da extração do óleo essencial das folhas, foi possível obter a composição química e a capacidade antioxidante pelo método do DPPH. Os componentes majoritários obtidos foram BHT (34,17%), fitol (12,66%), α-cariofileno (11,84%), δ-elemeno (10,65%), β-cariofileno (7,82%), γ-elemeno (4,24%) e germacreno D (2,82%). O óleo mostrou inibição percentual de 35,62% e 75,25% em concentrações de 76 e 101,6 mg/ml, respectivamente. Provavelmente, a atividade antioxidante relatada se deve ao componente majoritário BHT. Através deste estudo, foi possível identificar a composição química do óleo essencial bem como reconhecer os principais grupos de substâncias presentes nos extratos das folhas de V. megapotamica os quais obtiveram uma boa atividade antioxidante.