Efeito de um agente antioxidante na resistência adesiva em esmalte dental submetido ao clareamento com peróxido de carbamida 10%
Resumo
Com a crescente demanda pela estética dental, alguns procedimentos rotineiros da clínica odontológica nos trazem questionamentos, como a realização de procedimentos restauradores após o clareamento dental. A proposição desse estudo foi avaliar in vitro, a resistência adesiva de espécimes de esmalte obtidos a partir de dentes humanos permanentes expostos ao peróxido de carbamida 10% (Whitness Perfect 10% - FGM ) seguido da aplicação do gel à base de catalase ( Neutralize- FGM). Para isso, foram utilizados coroas de terceiros molares que foram seccionadas e utilizadas as faces vestibular e lingual/palatal. Os espécimes foram aleatoriamente divididos em 6 grupos ( n=10): G1: clareado e restaurado após 24 horas. G2: clareado, aplicado a catalase e restaurado após 24 horas. G3: clareado e restaurado após 5 dias. G4: clareado, aplicado a catalase e restaurado após 5 dias. G5: clareado e restaurado após 14 dias. G6: clareado, aplicado a catalase e restaurado após 14 dias.
O regime do tratamento clareador foi de 6h/dia de exposição, durante 14 dias, no restante do tempo os espécimes permaneceram armazenados em água deionizada em estufa a 37º C. Ao término do tratamento clareador, nos grupos G2, G4 e G6 foram aplicados 2 mL do gel à base de catalase (Neutralize- FGM) durante 2 min. De acordo com os intervalos de tempo de cada grupo, foram realizadas as restaurações com resina composta pela técnica do tubo de amido e após 24 horas os espécimes foram submetidos à 3000 ciclos de termociclagem. Terminada a termociclagem, foi realizado o teste de microcisalhamento na máquina de ensaios universal, utilizando a velocidade de 1,0mm/min até ocorrer a falha. Os valores de resistência adesiva foram analisados por meio de estatísticas descritivas no programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences, versão 18.0). Os valores de resistência adesiva foram comparados entre si dentro de cada intervalo de tempo e também em relação ao uso ou não de catalase por meio de Análise de variância e teste post hoc de Tukey (p<0,05).
A análise de variância de 2 fatores evidenciou que o fator catalase (p=0,027), tempo (p=0,001) e a interação entre eles influenciaram significativamente a resistência de união. Na comparação entre grupos do mesmo intervalo de tempo observou-se que nos grupos G1 e G2 (24 horas) houve diferença estatisticamente significativa, evidenciando que o grupo G2 obteve maiores resultados de resistência de união. Já para os outros intervalos de tempo (5 dias (G3 e G4) e 14 dias (G5 e G6) não houve diferença significativa tanto para os grupos sem como para os com a aplicação da catalase.
Também foi realizada a comparação entre grupos com e sem a catalase nos diferentes intervalos de tempo. Dentro dos grupos em que não foi utilizada a catalase, ou seja, os espécimes que foram somente expostos ao agente clareador, o grupo G5 (14 dias) obteve maiores resultados de resistência de união quando comparado aos grupos G1 e G3. Já nos grupos que foram clareados e tratados com catalase, em todos os intervalos de tempo os valores de resistência de união foram estatisticamente iguais.
A partir da metodologia desenvolvida e dos resultados obtidos, conclui-se que a utilização do gel neutralizador à base de catalase aumentou a resistência adesiva em restaurações realizadas 24 horas após o término do clareamento dental com peróxido de carbamida 10%.