Matemática e literatura infantil: sobre os limites e possibilidades de um desenho curricular interdisciplinar
Resumo
O presente estudo está inserido na Linha de Pesquisa: Currículo, Ensino e Práticas Escolares do Programa de
Pós-Graduação em Educação da UFSM. Como objetivo desse trabalho procuramos responder aos seguintes
questionamentos: Quais os obstáculos a uma efetiva prática curricular interdisciplinar? Como romper com a
concepção dos professores cristalizada numa prática pedagógica tradicional? Numa perspectiva de mudança,
procurando entender o aluno como parte do processo e isso significa dar voz a esse aluno, observando os seus
conhecimentos prévios, a sua bagagem cultural, entendemos que toda a estrutura curricular deve estar
continuamente engajada em configurar um currículo como processo, com uma especial atenção no que diz
respeito a aprendizagem. Na proposta de auxiliarmos no desenho de um novo currículo, propusemo-nos a buscar
possibilidades metodológicas diferenciadas, em que todas as áreas do conhecimento fossem consideradas
importantes, procurando desenvolver assim, um trabalho interdisciplinar a partir da articulação da literatura
infantil e da matemática. Para tanto, foram elaboradas e implementadas Unidades Didáticas Interdisciplinares
(UDI) em dois estabelecimentos de ensino, turmas de pré-escola e turmas de 1ª à 4ª séries, buscando propiciar
aos alunos condições para entender/contextualizar a matemática, provocando um redimensionamento dos
conceitos já conhecidos e possibilitando a busca da compreensão de novas idéias e valores através da literatura
infantil como eixo organizador e integrador de atividades interdisciplinares.O trabalho envolveu seis histórias
infantis num total de 20 implementações, perfazendo cerca de 60 horas de atividades em sala de aula. As
atividades propostas foram desenvolvidas com o acompanhamento das professoras regentes, sendo que as
mesmas eram convidadas a permanecer em sala de aula enquanto desenvolvíamos as atividades. Ao final
percebemos a complexidade da sala de aula, pois os resultados variaram em função da equipe, responsável pela
organização e implementação das UDI, das particularidades do corpo docente e discente e da estrutura escolar.
Como obstáculos para uma prática interdisciplinar destacamos: o grande número de alunos por sala de aula e
para tanto a necessidade de desenvolvermos atividades com o acompanhamento de uma equipe; a preocupação
por parte dos professores em situar as atividades escolares dentro de uma perspectiva de certo ou errado, para
fins avaliativos, muitas vezes desconsiderando os conhecimentos prévios dos alunos, o que nos levou a pensar
na necessidade de investir na formação dos professores; a adequação da atividades aos tempos da escola, o que
nos levou a considerar a exigência de um tempo próprio para desenvolvê-las e em atividades menores, as quais
possam ser melhor desenvolvidas; por fim, a falta de um espaço físico adequado para guardar os materiais
produzidos durante as atividades e a preocupação em conceber a sala de aula de forma tradicional, disposta em
fileiras, centrada na presença do professor, do quadro-negro e do livro didático.