Educação ambiental, representações sociais e formação de professores(as): de volta a escola com Monteiro Lobato
Resumo
Esta pesquisa teve como principal finalidade contribuir com a formação de professores em educação ambiental, tendo como referência de estudo e pesquisa o diálogo com a obra literária de Monteiro Lobato. A Teoria das Representações Sociais foi tomada, nesta pesquisa, como alternativa de aproximação entre o texto lobatiano, as professoras envolvidas e sua Representação de meio ambiente. Monteiro Lobato é um clássico e por isso seus livros tornaram-se inesquecíveis.
Ele reafirma o prazer do encontro com um texto que fala-nos do humano. Seus leitores, crianças e adultos, viajam em seus livros, sentem-se parte integrante da fantasia e de seu reino imaginário. Procuro então tomar a leitura não como uma
mera ferramenta , como um mero recurso, mas como um lugar de produção conhecimentos e de saberes necessários à docência e à prática educativa. Nesse sentido, a Literatura, de uma maneira geral, e a literatura infantil, em particular,
surgem como uma alternativa possível para entrarmos em contato com a subjetividade humana, com os excluídos sociais, com o diferente. Podemos, então, entender a literatura como uma representação de mundo, dependente dos
valores, das vivências do autor e do leitor. Os estudos sobre representações nos possibilitam uma aproximação com as construções imaginárias dos educadores. Por isso, torna-se importante, na formação de professores, olhar para dentro de si, buscando reconhecer nossas próprias representações. A reflexão e a problematização sobre nossas representações permitem também modificar ações e atitudes no mundo. Essa transformação de ações a atitudes torna-se importante
quando pensamos em Educação Ambiental, pois ela nos desafia a elaborar alternativas para trabalhar as questões ambientais de uma forma mais ampla, refletindo, por exemplo, sobre a questão da solidariedade, do respeito, da
cooperação, da tolerância. O trabalho com as questões ambientais no cotidiano escolar, mais do que uma necessidade formal, se constitui em uma exigência do mundo contemporâneo. Um mundo onde cada vez mais somos desafiados, o tempo todo, a refletir sobre nossas representações sobre o outro. A partir das discussões com as professoras participantes da pesquisa, pude concluir que,
apesar das representações de Meio Ambiente estarem muito relacionadas com os aspectos físicos e biológicos, percebe-se uma busca de mudança, de problematização dessas representações cristalizadas na sociedade. Aspectos como o social, o cultural começam a ocupar espaço na fala e no imaginário das professoras. Em suas falas percebi que elas entendem que todos nós somos seres inconclusos e que aprendemos durante toda nossa vida, não importando a
idade e o tempo de profissão que temos. E isso é um excelente começo para buscar a melhoria da prática pedagógica. Elas são professoras cientes de seu papel na sociedade e na edificação de pessoas que reflitam sobre os fatos políticos, econômicos e sociais que acontecem em sua cidade e no mundo.