O regime de progressão continuada e as implicações na organização escolar em escolas da Rede Estadual de Ensino do município de Santa Maria/RS
Resumo
O presente estudo teve por objetivo analisar o regime de progressão continuada (RPC), identificando e compreendendo suas implicações na organização escolar a partir de falas de professores. Esta política educacional foi implantada nas
escolas da Rede Estadual de Ensino (REE) do município de Santa Maria/RS a partir do ano de 2001, visando amenizar os índices de reprovação e de evasão. Tendo em vista que o RPC continuada implica em mudanças no processo avaliativo, apresento uma breve reflexão sobre as concepções e práticas avaliativas presentes em nossa educação, as transformações na avaliação propostas a partir da década de 90 e a descrição do funcionamento e operacionalização do RPC. Para a realização deste estudo, foi feito um mapeamento das escolas que adotaram e adotam o regime. A partir desse mapeamento foram selecionadas onze (11) escolas onde foram
analisados os documentos escolares Projetos Político-Pedagógicos (PPP) e Regimento Escolar (RE), e aplicado 110 questionários abertos aos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Posteriormente, foi escolhida uma (01) escola onde foram realizadas entrevistas estruturadas com a coordenadora pedagógica dos anos iniciais e com duas (2) professoras das turmas de progressão (TP). A opção por
esta escola ocorreu devido ao número de questionários retornados e pelo fato da escola ter abolido o regime. A análise das informações obtidas a partir da análise textual dos documentos escolares, aplicação de questionários e realização de entrevistas abordou, principalmente, as mudanças na organização escolar após a adoção do RPC, o processo avaliativo, as concepções dos professores em relação ao regime e às TP. Essas informações evidenciaram que os professores caracterizam o regime como uma imposição e, conseqüentemente, provocou uma forte resistência desses profissionais. Ao mesmo tempo, algumas mudanças repercutiram positivamente entre os docentes; como, por exemplo o uso dos pareceres descritivos e as turmas de progressão. Portanto, foi possível constatar que a resistência dos professores já existia antes do regime ser implantado. As mudanças que acompanharam o processo de adoção do regime agravaram a resistência, pois os
professores sentiram-se despreparados para lidar com situações que eles desconheciam. Além disso, essas mudanças também envolveram uma outra postura em relação a concepções de escola, de educação, de conhecimento entre outros, que os professores demonstram. O RPC trouxe a possibilidade dos professores repensarem as suas práticas docentes, revendo suas concepções