Subjetividade, verdade e a problematização ética da docência em Filosofia na contemporaneidade
Resumo
A partir da análise dos estudos realizados por Michel Foucault sobre o processo histórico de ressignificação da relação entre subjetividade e verdade, a presente pesquisa analisa as possíveis implicações da requalificação dessa relação no processo de institucionalização e, especificamente, de profissionalização da filosofia. Desse modo, problematiza-se a docência em filosofia na contemporaneidade a partir da análise do padrão de experiência filosófica derivado de uma determinada maneira de conceber a relação entre subjetividade e verdade. Nesse sentido, a essa investigação histórica, balizada especialmente pelos últimos estudos realizados por Foucault, soma-se a análise da literatura acerca da docência e do ensino da filosofia. A partir da investigação histórica de como a prática filosófica tem funcionado e acontecido, busca-se apresentar os limites dessa prática colocando-a a prova do presente histórico no qual vivemos. Colocando a prática e a experiência filosófica na dimensão histórica a qual está veiculada, pretende-se pô-la na ordem da problematização daquilo que até então temos reconhecido como necessário em relação ao seu exercício. Problematizando a necessidade da relação que se tem estabelecido entre aquilo que uma determinada tradição tem concebido como filosofia e/ou prática filosófica e aquilo que se tem feito em relação a essa tradição nas instituições educativas, pretende-se traçar um ―mapa estratégico‖ para que possamos pensar outras possibilidades, em que a filosofia venha a funcionar e acontecer de outras maneiras. Partindo da hipótese de que não há uma relação necessária, mas sim histórica entre aquilo que se concebe por filosofia e aquilo que, por conseguinte, se faz e pensa em relação à filosofia, pretende-se inscrever a prática filosófica sob outra ordem, não tanto a da problematização teórica, mas a da problematização ética. Desse modo, discute-se nesta pesquisa a situação da filosofia na escola ante o esgotamento dos padrões de experiência da modernidade, o processo de subjetivação implicados na prática filosófica em relação ao processo de produção do sujeito moderno normalizado, bem como as (im) possibilidades da filosofia constituir-se como experiência filosófica na escola ante o esgotamento desses padrões. Portanto, com esta pesquisa objetiva-se visualizar alternativas para um exercício da filosofia que, a partir de uma ética e de uma estética imanente, possibilite pensar outras formas de produção de subjetividade docente e, por conseguinte, outra maneira de nos relacionarmos com a verdade.