Atenção à saúde de crianças e adolescentes vivendo com HIV/AIDS: avaliação dos familiares/cuidadores
Resumo
Objetivou-se avaliar a presença e a extensão dos atributos da Atenção Primária à Saúde às crianças e aos adolescentes vivendo com HIV/AIDS, segundo o instrumento PCATool-Brasil versão Criança. Essa dissertação faz parte de um projeto matricial, o qual se trata de uma pesquisa transversal, desenvolvida em um serviço ambulatorial de infectologia pediátrica, com os familiares/cuidadores das crianças e dos adolescentes vivendo com HIV/AIDS. A coleta dos dados realizou-se por meio da aplicação do instrumento PCATool-Brasil versão Criança. Foi realizada a análise com o Software SAS versão 9.3. Respeitaram-se os aspectos éticos de acordo com a Resolução 196/96, em vigência no período da pesquisa. A população totalizou em 71 familiares/cuidadores entrevistados, dos quais 51% a criança/adolescente tinha idade entre 13 a 19 anos, 51% residiam em outros municípios, 54% a mãe era o cuidador principal e 54% tinha renda abaixo de 1000 reais. Quanto ao perfil clínico, 90% das crianças/adolescentes adquiriu o HIV por transmissão vertical, 51% fazia tratamento. No que se refere à utilização dos serviços de saúde, 94% conhecia o serviço de saúde mais próximo da residência, sendo 95% um serviço de Atenção Primária à Saúde (APS), entretanto, apenas 44% levava a criança/adolescente neste serviço. Para a avaliação da qualidade da atenção à saúde das crianças e adolescentes vivendo com HIV/AIDS foram apontados como fonte regular de atenção o serviço de APS e, majoritariamente, o serviço especializado ao HIV (78,8%). Os resultados não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre os serviços, visto que ambos apresentaram valores de escores satisfatórios (média ≥6,6) para os atributos: Acesso de Primeiro Contato utilização; Acesso de Primeiro Contato acessibilidade; Longitudinalidade; Coordenação integração dos cuidados; Coordenação sistema de informações; Integralidade serviços disponíveis. Na análise conjunta dos atributos, nenhum serviço (especializado e APS) apresentou valor satisfatório de Escore Geral, porém obtiveram próximo ao ideal (médias 6,43 e 6,13, respectivamente). Além disso, nenhuma variável sociodemográfica, clínica e de utilização do serviço esteve associada ao alto Escore Geral. Não houve distinção entre os serviços de saúde, entretanto ressalta-se a necessidade de integração entre ambos visando à qualificação da atenção e ao aprimoramento de seus atributos, o que implica em reformulações nos aspectos de estrutura e desempenho. O estudo apresenta limitação pelo tamanho da população e por ter sido realizado em município de médio porte, a generalização dos dados deve ser feita com cautela.