Vivências de mulheres-primíparas nas práticas de cuidado ao parto vaginal
Resumo
O nascimento constitui um dos principais acontecimentos na vida da mulher, pois estabelece a transição ao papel de mãe. Nessa direção, apesar de o nascimento de um filho ser habitualmente um acontecimento transbordado de felicidade, não se pode desconsiderar que comumente este também se constitui em um momento de ansiedade e medo determinados pela vivência de algo desconhecido. Nesse intuito, toda a atenção no processo parturitivo, desde o início do trabalho de parto, deve ser realizada levando-se em consideração o respeito na relação entre profissional, parturiente e família. Com base no exposto, este estudo teve como questão norteadora como foi a vivência de mulheres-primíparas em relação às práticas de cuidado realizadas pelos profissionais de enfermagem durante o trabalho de parto e parto, em uma instituição hospitalar do interior do estado do Rio Grande do Sul/Brasil? , o objetivo foi conhecer a vivência de mulheres-primíparas em relação às práticas de cuidado prestadas pelos profissionais de enfermagem no trabalho de parto e parto. Tratou-se de uma pesquisa de campo, de abordagem qualitativa, com enfoque descritivo, realizada em uma maternidade do interior do Estado do Rio Grande do Sul, com dez mulheres-primíparas. A produção dos dados deu-se pela utilização de entrevista semiestruturada, gravada na íntegra, sendo os dados transcritos e, após, analisados pela Análise de Conteúdo Temática seguindo a Proposta Operativa. Os preceitos éticos foram observados conforme a Resolução número 466/2012. Esta pesquisa obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, sob o Certificado de Apresentação para Apreciação Ética CAEE 26452313.8.0000.5346. Entre os resultados, emergiram, as práticas de cuidado referentes aos métodos não farmacológicos e de avaliação do bem-estar materno e fetal. Destacaram-se a participação ativa dos profissionais de enfermagem, mostrando-os presentes, preocupados e solícitos às necessidades das mulheres e, também, cuidados pautados no esclarecimento e em orientações de como proceder no período expulsivo e de como enfrentar a dor das contrações uterinas no trabalho de parto e parto. Por outro lado, encontrou-se, a restrição hídrica e alimentar e a realização rotineira de procedimentos desnecessários e sem evidências científicas pelos profissionais de enfermagem. Ademais, constatou-se profissionais que permaneceram indiferentes ao momento vivido pela mulher e sua família. Conclui-se que, a vivência do cuidado desempenhado pelos profissionais de enfermagem no trabalho de parto e parto na atenção às mulheres-primíparas está intrinsicamente ligada à forma com que o profissional desempenha o seu cuidado. Espera-se que esse estudo possa contribuir no cuidado prestado às mulheres em trabalho de parto e parto, por meio da reflexão e reformulação de condutas de cuidados nesta área, tanto em maternidades quanto na construção do conhecimento acerca deste tema nas instituições de ensino, a fim de que seja consolidado a partir das necessidades das principais protagonistas envolvidos na cena do parto, ou seja, as mulheres, seus bebês e sua família.