Intervenção por telefone como estratégia para manejo da ansiedade durante tratamento radioterápico: um ensaio clínico randomizado
Resumo
O tratamento radioterápico pode gerar impactos negativos, dentre eles a ansiedade, que pode interferir no equilíbrio emocional de pacientes e familiares. O estudo é um ensaio clínico randomizado, controlado e objetivou avaliar os efeitos de uma intervenção por telefone nos escores de ansiedade de pacientes em tratamento radioterápico e de seus familiares. A população foi constituída por 20 pacientes no Grupo Intervenção, 19 pacientes no Grupo Controle e seus respectivos familiares, que realizaram tratamento radioterápico no Hospital Universitário de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, no período de abril a julho de 2014. Para a coleta de dados utilizou um questionário com questões sociodemográficas e clínicas, o Inventário de Ansiedade Traço-Estado e uma entrevista pós-intervenção. As intervenções foram realizadas por meio de contatos telefônicos. Os dados foram analisados pelo pacote estatístico Statistical Package for Social Sciences para Windows versão 21.0. O teste t de Student para amostras pareadas foi utilizado para a comparação entre os momentos pré e pós-intervenção. A associação dos níveis de Ansiedade-Traço e Estado com as demais variáveis do estudo foram realizados pelo teste de correlação de Pearson. Realizou-se a regressão linear múltipla para variável em estudo. O nível de significância adotado foi o valor de p <0,05. Os pacientes dos Grupos Intervenção e Controle eram respectivamente, em sua maioria do sexo feminino (55,0% e 53,9%), com média de idade de 62,2 (±11,8) e 63 (±10,3) anos, e prevalência de câncer de cabeça e pescoço (30,0% e 41,5%). Os familiares dos Grupos Intervenção e Controle eram, em sua maioria, do sexo feminino (85,0% e 57,9%), com média de idade de 47,0 (±13,8) e 54,5 (±11,9) anos e grau de parentesco de filhos (GI: 50,0%) e esposo ou companheiro (GC: 42,1%). No início do tratamento radioterápico, a maioria dos pacientes e familiares do Grupo Intervenção apresentaram um escore moderado de Ansiedade-Traço e Estado, e os pacientes e familiares do Grupo Controle apresentaram um escore moderado para a Ansiedade-Traço e baixo para a Ansiedade-Estado. Os resultados encontrados são estatisticamente significantes e demonstram que a intervenção telefônica diminuiu os escores de ansiedade dos pacientes do Grupo Intervenção após as ligações telefônicas (p<0,005). Para os familiares de ambos os grupos não houve diferenças estatísticas significativas na pré e pós-intervenção. Os fatores preditivos para a Ansiedade-Traço dos pacientes do Grupo Intervenção foram o número de sessões radioterápicas (p< 0,000), e para a Ansiedade-Estado os preditores foram o nível de escolaridade (p< 0,018), o tempo do diagnóstico da doença em meses (p< 0,048) e o número de sessões de radioterapia (p< 0,000). Os pacientes e familiares que receberam a intervenção avaliaram-na como positiva, e importante para sanarem as dúvidas relativas ao tratamento radioterápico. Conclui-se que a intervenção telefônica mostrou-se efetiva na diminuição dos escores de ansiedade de pacientes e familiares durante o tratamento radioterápico. Espera-se que o estudo contribua para a reflexão sobre práticas inovadoras e tecnológicas de cuidado de enfermagem e para o redirecionamento e formulação de novas estratégias de atenção ao paciente em tratamento radioterápico e seus familiares.