Balanço de energia em telhado verde
Resumo
O conhecimento das trocas de energia entre uma superfície vegetada e a atmosfera é de grande importância para caracterizar o microclima local e identificar interações entre variáveis ambientais e a vegetação. No Brasil, as pesquisas relacionadas ao balanço de energia estão restritas a florestas e monoculturas, deixando de lado outras superfícies vegetais como é o caso dos telhados verdes (TVs). Neste sentido, o presente trabalho apresenta uma análise do balanço energético em um TV, do tipo extensivo, considerando os componentes de entrada e saída de energia neste sistema. Para alcançar este objetivo, um estudo de campo foi realizado no TV experimental da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Os dados do monitoramento foram utilizados em um modelo de balanço de energia. O modelo utilizado considerou o saldo de radiação, ou energia disponível, e ainda três diferentes fluxos de calor: latente, por condução e por convecção. Estes fluxos foram determinados a partir do monitoramento das seguintes variáveis: temperatura da planta e solo, temperatura do ar, temperatura do ambiente interno do TV, radiação solar global incidente e refletida, e velocidade do vento. Estes dados foram obtidos com sensores instalados no telhado e/ou por meio da estação climatológica localizada na UFSM. Esse monitoramento foi realizado em duas etapas: de agosto de 2015 a dezembro de 2015, das 8h às 17h, contando com equipamentos manuais; e de janeiro a maio de 2016, 24h por dia, com sensores automáticos. O balanço de energia do TV e seus componentes foram determinados para o intervalo de tempo horário, e a análise foi estendida para os meses de monitoramento. Os resultados mostraram que a energia disponível utilizada nos fluxos de calor foi proveniente da radiação de onda curta, no período diurno, e de onda longa no período noturno. Essa energia líquida disponível priorizou o fluxo de calor latente (56%), principal responsável pela evapotranspiração, confirmando que esta é a forma predominante de dissipação do calor absorvido nos TVs, como citado em outros estudos. Ainda foi observado que, em média, aproximadamente 23% do saldo de radiação é destinado ao fluxo de calor por convecção, e com isso verificou-se que 79% da energia incidente e disponível retorna para a atmosfera. Quanto à energia que é transferida para o interior da edificação (fluxo de calor por condução), esta totalizou em média 1% do saldo de radiação. O restante, 20%, ficou retido no sistema de cobertura, demostrando a eficiência dos TVs quanto ao armazenamento de energia e atenuação da temperatura. Constatou-se também que existe um desequilíbrio energético neste sistema, o qual é influenciado principalmente pelo tipo de cobertura da superfície e particularidades do experimento. Portanto, a partir do exposto, a presente pesquisa permitiu concluir que a metodologia aplicada é satisfatória para se chegar ao objetivo pretendido, e que o TV experimental, conforme o resultado total do balanço de energia, que apresentou valores positivos para os meses analisados, está ganhando e retendo mais energia do que perdendo.