Qualidade das estimativas de precipitações derivadas de satélites na bacia do Alto Jacuí - RS
Resumo
O continuo aumento na utilização de estimativas de precipitações utilizando dados de satélites, como fonte alternativa de dados tem aumentado com o avanço tecnológico dos dispositivos . Consequentemente aumenta a necessidade de avaliar a qualidade e a precisão dessas estimativas. Neste trabalho foram avaliados os produtos do satélite TRMM (3B42 V6, 3B42 V7 e 3B42 Real Time) e do método CMORPH (produto RAW) utilizando dados observados de precipitação da região da bacia do Alto Jacuí - RS. Para a avaliação foram utilizadas as estatísticas para validação da chuva estimada por satélite recomendadas pelo IPWG, como os índices de desempenho PC (percent correct), H (hits), FAR (false alarm ratio), CSI (critical success índex) entre outros, avaliando o desempenho dos produtos na detecção da ocorrência e na não ocorrência dos eventos. Além de estatísticas básicas, foram empregadas as quantitativas, como erro médio (EM), erro médio quadrático (EMQ), coeficiente de correlação (r), erro no volumes e coeficiente de eficiência Nash-Sutcliffe (NS). A partir dos resultados foi ainda ensaiada uma metodologia para melhora dos resultados. O índice que mede o acerto na estimativa da ocorrência (ou não) de chuvas (PC) apresentou média de 81,3%, e mostrou equilíbrio entre os produtos. Já o índice H, que indica se o satélite simplesmente acertou a chuva (e não dias sem chuva) indicou 60% de acertos, ou seja, a principal dificuldade encontrada por todos os produtos é sem dúvidas na capacidade de detecção dos eventos chuvosos. O índice que avalia o percentual de falsos alarmes (FAR), emitido pelas estimativas apresentou 8% e 9% para os produtos V6 e CMORPH respectivamente, 13% para o V7 e 15% para o Real Time sendo considerado razoável. Na avaliação qualitativa destacou-se o produto CMORPH, que obteve os melhores resultados na análise, e, provavelmente por se tratar de um método híbrido que utiliza o maior número de fontes de informações ou, de alguma forma, as explora de forma mais eficiente. Na avaliação sobre o potencial preditivo, o produto Real Time apresentou os piores resultados (Nash-Sutcliffe), ou seja, é mais vantajoso utilizar a média diária observada do que suas estimativas. O V7 resultou em um leve decréscimo da qualidade quando comparado com o V6, embora tenha se mostrado superior em outros aspectos. E novamente, o CMORPH superou os demais produtos, com coeficientes na ordem média de 0,45. Na parte quantitativa das estimativas dos produtos, notou-se grande subestimativa pelos produtos V6 e CMORPH, e superestimativa leve pelos produtos Real Time e V7, porém os produtos apresentaram boas correlações (r), resultando em uma média de 0,73. Nas comparações das médias mensais que apesar dos erros (sub ou superestimativa), os produtos se mostraram capazes de detectar a variabilidade mensal durante o ano (exceto o Real Time). Através da equação dos confrontos acumulados das séries, ao aplicar uma metodologia de correção da chuva simplificada, obtiveram-se aumentos bastante satisfatórios nos percentuais de detecções (com exceção do produto V7). Principalmente para volumes iguais ou superiores a 60 milímetros, dos quais quase nulos 1% eram detectados pelo V6, 41% pelo Real Time e apenas 1,1% pelo CMORPH, e após os ajustes aumentaram para 53,6%, 50,8 e 54,8% respectivamente. Estes resultados indicam que as estimativas de satélite são uma fonte alternativa de dados com grande qualidade temporal e espacial, fundamental para auxiliar o monitoramento hidrológico. No entanto, ainda existe muito espaço para melhoras nas estimativas de precipitação, principalmente no quesito detecção de eventos, o qual foi o principal responsável pelo decréscimo da qualidade das estimativas no estudo.