Avaliação do conforto térmico de um aprisco para a cidade de Santa Maria/RS
Resumo
A ovinocultura exerce papel fundamental na história e na pecuária do Rio Grande do Sul e vem se destacando como importante atividade econômica no Brasil. O Rio Grande do Sul, por sua vez, apresenta peculiaridades climáticas que impõem aos animais, em algumas situações, uma condição de desconforto térmico, gerando o estresse térmico, que é um dos principais fatores limitantes da produção animal. Portanto, torna-se imprescindível a busca por alternativas de conforto térmico que proporcionem bem estar aos animais e que gerem maior potencial na sua produção, principalmente em ambientes protegidos. Pretendeu-se, com este trabalho, avaliar o conforto térmico que a edificação, denominada aprisco (instalação para ovinos) proporciona aos animais (cordeiros e borregos) confinados no laboratório de ovinocultura da Universidade Federal de Santa Maria, para um dia típico de inverno e um dia típico de verão, por meio do levantamento das variáveis ambientais, tais como temperatura do ar, temperatura radiante, umidade relativa, velocidade do ar e posterior cálculo do Índice de Temperatura de Globo Negro e Umidade (ITGU) e do Índice de Conforto Térmico (ICT), ambos índices para avaliar o conforto térmico animal. Também foram realizadas a coleta da temperatura retal, da frequência respiratória e da temperatura da epiderme dos animais, bem como o levantamento de imagens termográficas da superfície da lã (vélo) dos animais e do aprisco. Foi possível avaliar, com base nos levantamentos de dados e no cálculo dos índices, que os animais estavam em desconforto térmico na maior parte do experimento. Para o período típico de inverno, não foram encontrados valores de referência dos índices ITGU e ICT; no entanto, alguns animais apresentaram temperatura retal de 35,5°C, abaixo do normal. A edificação (aprisco) teve um amortecimento térmico abaixo de 28%, impondo aos animais, temperaturas internas de 7,8°C, isto é, fora da zona de conforto térmico (ZCT), que se encontra entre 25 e 30°C para animais recém-nascidos e entre 15 e 30°C para animais adultos, estando mais próximas de 6°C, considerada temperatura crítica inferior (TCI). Para o período típico de verão, a edificação apresentou amortecimento térmico abaixo de 10% e foi possível avaliar o conforto através dos índices, ITGU e ICT. Durante o período da manhã, o ITGU ficou abaixo de 74, o que representa valores de conforto térmico. Já no período da tarde, as instalações apresentaram ITGU compreendidos entre 74 e 79, o que significa situação de alerta. Portanto, ao fim do experimento, foi constatado que a edificação (aprisco) não proporciona conforto térmico aos animais na maior parte do período típico de inverno e verão. Por fim, entendeu-se que a edificação existente precisa de melhorias construtivas para que os animais disponham de conforto e bem estar para que atinjam seu máximo rendimento produtivo e reprodutivo.