Aproveitamento da casca de arroz para fabricação de chapas aglomeradas
Resumo
A casca de arroz, resíduo produzido pelo beneficiamento deste grão, tem se tornado
um problema de ordem ambiental, econômica e de saúde pública. Em vista disso, a
presente investigação tem como objetivo avaliar o aproveitamento deste resíduo
para a fabricação de chapas aglomeradas, coladas com tanino-formaldeído. Para
tanto, foram utilizadas casca de arroz na forma natural ou processada em moinho de
martelo, compactadas a diferentes massas específicas (0,65, 0,95 e 1,15 g/cm³) e
aplicando-se teores de adesivos de 7, 10 e 13% (com base no peso seco das
partículas), totalizando 54 chapas. Os ensaios físicos realizados foram teor de
umidade, massa específica, absorção d água e inchamento em espessura; e
mecânicos, de flexão estática, arrancamento de parafuso e ligação interna. Para
complementar o estudo, realizou-se ensaios biológicos para determinar a resistência
ao ataque de fungos apodrecedores Trametes versicolor e Gloephyllum trabeum. Os
resultados foram submetidos ao teste de correlação simples de Pearson e
analisados por regressão. De modo geral, a utilização da casca de arroz
proporcionou uma redução na resistência física e mecânica das chapas, em relação
as produzidas com partículas de madeira encontradas na literatura. Todos os
tratamentos ficaram abaixo dos valores mínimos requeridos pelas normas de
comercialização para os ensaios físicos e mecânicos, somente os de 13% de
adesivo apresentaram resistência satisfatória quanto à estabilidade dimensional. O
melhor desempenho foi verificado nos testes biológicos. De acordo com os
requisitos da norma americana, todos os tratamentos foram classificados como
resistentes ao fungo Trametes versicolor para podridão branca. No fungo
Gloeophyllum trabeum (podridão parda), a maioria dos tratamentos foram
classificados como moderadamente resistente. Portanto, esta matéria-prima revelouse
uma alternativa de elevado potencial para a manufatura de chapas de maior
resistência a fungos apodrecedores.