Cooperativismo e assentamento rural na percepção do uso coletivo e individual da terra mediante metodologia Q: o caso de Charqueadas
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Data
2006-06-19Autor
Santalucia, Maurício
Primeiro orientador
Hetzel, Ond Pedro de Hegedüs
Metadata
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O cooperativismo praticado nas CPA (Cooperativas de Produção Agropecuária) estimuladas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores rurais Sem Terra), onde a posse da terra e a organização da produção estão sob controle da cooperativa, representa um modelo de assentamento pouco praticado, e com o passar dos anos as CPAs existentes enfrentaram conflitos como desagregações e divisões no quadro de associados, com uma parcela preferindo trabalhar individualmente. O objetivo desta pesquisa é analisar a subjetividade dos assentados no município de Charqueadas - RS, que estão divididos entre dois grupos: i) os que produzem coletivamente em uma CPA e ii) os atuais individuais que preferiram sair da mesma. A idéia foi saber o ponto de vista destes grupos sobre o modelo coletivo e individualizado de produção da terra. Para isso empregando a metodologia Q, a qual combina técnicas qualitativas como entrevistas em profundidade com informantes qualificados e técnicas quantitativas como as análises estatísticas do tipo fatorial sobre os dados. Na execução da metodologia foram entrevistados informantes qualificados de onde foram selecionadas as 41 afirmações mais importantes, apresentadas a uma amostra de 40 assentados, divididos entre 20 que estão no coletivo e 20 que passaram a trabalhar
individualmente. As 41 afirmações foram classificadas de acordo com sua importância em uma grade pré-estabelecida e suas respostas foram analisadas e interpretadas mediante um
programa estatístico especial de software chamado PCQ. Os resultados da análise fatorial mostram que 5 fatores emergiram: i) um fator totalmente favorável ao modo de trabalho individual, e ii) quatro fatores favoráveis ao modo de trabalho coletivo, mas com diferenças entre estes. Neste sentido, um fator totalmente favorável ao modo de trabalho coletivo e os outros três fatores coletivos, porém com críticas ao modelo. Pelas afirmações selecionadas, para o grupo do fator favorável ao trabalho individual a experiência na CPA foi um engano. Para os outros 4 grupos favoráveis ao trabalho coletivo, 1 totalmente pró-coletivo está muito satisfeito pela organização e conquistas adquiridas, e outros 3 grupos apresentam críticas e ressalvas ao coletivismo. O grupo favorável ao trabalho individual e o grupo totalmente prócoletivo selecionaram as mesmas afirmações, porém selecionadas completamente inversas sobre as que mais concordam e mais discordam. Foi constatado nos outros 3 grupos favoráveis ao coletivo que existem insatisfações em alguns aspectos no funcionamento da CPA e que poderiam ser melhorados como: i) maior solidariedade entre membros, ii) sobre decisões, alguns consideraram que as vezes ocorrem processos de induções e centralização na administração, e iii) um incentivo a produtividade.