O financiamento de atividades rurais não agrícolas no Programa RS Rural na região central do RS
Resumo
Este trabalho aborda o tema das novas funções do espaço rural brasileiro, tratando-se mais especificamente das atividades rurais não agrícolas praticadas nos estabelecimentos rurais. O foco do estudo foi os financiamentos concedidos pelo Programa RS Rural para desenvolvimento de atividades rurais não agrícolas na região central do Rio Grande do Sul. Em um primeiro momento foi realizada uma análise preliminar nos dados fonte secundária - fornecidos pelo serviço de informática do Programa RS Rural para o período de Janeiro de 1999 a Março de 2004. Identificou-se assim os tipos de atividades financiadas, os municípios beneficiados, o público beneficiário bem como os valores financiados pelo programa. Os resultados da investigação demonstram que do montante de recursos financiados para geração de renda 63%, foram destinados à atividades rurais não agrícolas e apenas 37% dos recursos foram destinados exclusivamente à produção agropecuária. Do público beneficiário do programa RS Rural, 76 % encontra-se dentro da categoria agricultor familiar, e relacionado especificamente aos financiamentos para atividades rurais não agrícolas, temos uma representatividade da agricultura familiar de 87%. Com relação às modalidades de atividades não agrícolas financiadas, 52% do público beneficiário acessou financiamentos para a viabilização de agroindústrias, 19% para artesanato, 19% para a promoção comercial e 10% para atividades consideradas pelo programa como microindustriais.
A investigação prosseguiu no sentido qualitativo de se obter informações relacionadas à situação social, motivações e aspirações das pessoas beneficiadas pelo Programa. Para tanto, foram realizadas 19 entrevistas. A escolha dos entrevistados baseou-se em uma amostra dirigida, tendo como critério a categoria agricultor familiar, a representatividade das atividades financiadas e o montante financiado. Assim, foram entrevistadas dez famílias de agricultores com atividades vinculadas à agroindústria, três famílias de agricultores ligados ao artesanato, mais três famílias com financiamentos para produção microindustrial e três famílias entrevistadas vinculadas à promoção comercial.
Os dados das entrevistas demonstram que a busca por alternativas não agrícolas se dá principalmente pelo interesse em gerar e/ou complementar a renda, frente a alguns condicionantes do estabelecimento, como a pequena área disponível para a agricultura. Entretanto, também pelo interesse em aproveitar e ocupar o tempo disponível e mesmo como uma tentativa de fuga da penosidade advinda de alguns trabalhos agrícolas.