Pobreza rural e desenvolvimento: um estudo sobre as percepções out e in no município de Ouro Branco, MG
Resumo
Esta dissertação aborda um estudo descritivo-analítico entre duas expressões sobre a pobreza: a out e a in. A primeira out é o conjunto das concepções visto por pessoas que vêem a pobreza de fora, não pertencendo a essa realidade; e a segunda expressão in se constitui na soma das percepções daqueles que são considerados os pobres. O objetivo dessa investigação é contribuir para o entendimento da mentalidade dos pobres rurais, valorizando as suas percepções sobre a pobreza e seus anseios em relação a uma sociedade desenvolvida. Para fundamentar a discussão, o trabalho expõe algumas noções críticas sobre questões de pobreza e desenvolvimento, enfatizando o contexto rural apontado tradicionalmente como o foco maior de pobreza. A metodologia utilizada se baseia no método qualitativo de Howard S. Becker e técnicas de pesquisa como a observação a campo, entrevistas semi-estruturadas e a análise de discurso. Este estudo identificou que os de fora pensam a pobreza como sendo a falta de materialidades e não se relaciona tão somente com a insuficiência de renda. Enquanto os pobres limitam a pobreza à falta de capacidade em conseguir um emprego, mas não acreditam que a pobreza está presente no seu meio. Há indícios de que o sentido da pobreza no campo foi modificado desde quando a história agrária começou a tomar outras direções, com características de maior liberdade e organização do trabalhador rural. O desenvolvimento das comunidades rurais vem se concebendo na realização das necessidades das pessoas, por sua vez satisfeitas nas relações humanas que preservam dentro dos seus espaços, diante atitudes de solidariedade, cooperação e reciprocidade. As percepções in não sentiram a expressão da pobreza a partir das percepções out e, portanto, a expressão não adquiriu o significado associado à palavra, o que significa que o estudo não encontrou um conceito em si para a pobreza que pudesse ser aplicado à realidade estudada. Isso implica na necessidade de se repensar o uso do termo e, também, é uma nova oportunidade de reforçar o entendimento sobre a pobreza a partir dos pobres (rurais), assim como servir de instrumento para atualizar as ideias que condizem à sua mentalidade.
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